Balletcore, old money, quit luxury, dopamine fashion, barbiecore, Y2K, athleisure e se continuarmos chegamos em mais.

O que as muitas tendências de moda, quase sempre conhecidas pelo nome gringo, falam sobre o mundo ansioso em que vivemos?

O surgimento dessas incansáveis e, por vezes, incontáveis tendências impacta a sua dinâmica de consumo, seja você um entusiasmado em conteúdo fashion ou um não interessado em moda que só compra roupas quando realmente precisa.

Não é difícil encontrarmos conteúdos que exploram essas novas (por vezes releituras) estéticas visuais.

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Headlines que exploram a necessidade por pertencimento e o medo de perder o que está acontecendo fomentam a indústria do fast fashion, o consumo exacerbado e as práticas não sustentáveis.

Vimos nos últimos anos a ascensão dos brechós de luxo, upcycling e alugueis de roupa em uma linha atrelada à moda sustentável, não descartável e consciente, que valoriza boas peças em detrimento da quantidade.

Em contrapartida, vemos do lado oposto, indústrias fast fashion acusadas por uso de trabalho escravo no alto volume de confecção, influencers mostrando a última compra do mesmo modelo de bolsa em 5 cores diferentes e vídeos no TikTok traduzindo um movimento inteiro da moda em 15 segundos.

E é esse mercado que mais se beneficia das tendências passageiras.

Quanto mais tendências surgirem (ou forem criadas), mais conteúdo essa indústria tem para estimular a compra de peças descartáveis.

O bombardeamento de informações vem de todos os lados. A cada semana uma nova ferramenta que explora a inteligência artificial é criada, um podcast diferente surge, uma fake news circula e uma celebridade é cancelada por dez assuntos diferentes.

Somos afogados por novas informações, estímulos sensoriais, realidades paralelas verdadeiras, realidades paralelas falsas e novas regras a serem seguidas.

E o boom das tendências conversa diretamente com essa sobrecarga de informação ao mesmo tempo que explora a nossa vulnerabilidade na busca por nos manter informados sem perder o trem que passa.

Isso é o ultra fast fashion. Segundo a Forbes, uma peça comprada em grandes varejos de fast fashion é usada em média 5 vezes antes do primeiro descarte. É uma vida útil curtíssima que reflete escolhas realizadas no impulso e na urgência de se sentir dentro da moda no mais puro sentido da expressão.

Dentro do que está em voga e pertencente ao movimento que ao nosso redor.

E a exploração do consumo vem também da dinâmica do surgimento dessas tendências, que muitas vezes trazem peças totalmente opostas à moda anterior, estimulando ainda mais o consumo, sem possibilidade de reaproveitamento das peças adquiridas há pouco tempo.

A dopamine fashion, tendência usada para caracterizar o uso de cores vibrantes, mistura de cores análogas e looks vivos, era uma promessa no começo do ano de 2022.

Já no início do segundo semestre do mesmo ano, o greige, nome chique para falar do bege, chegou com força neutralizando todas as cores vibrantes do street style.

E, apesar de muitas dessas tendências começarem nas semanas de moda das maisons francesas e italianas, as indústrias fast fashion também lucram de forma absurda com elas.

Acessibilizar a moda de alto luxo é justo, inclusivo e inteligente. Expandir o acesso à determinada tendência para a massa.

O problema é quando as indústrias fast fashion não estão nem um pouco preocupadas com seu papel de acessibilização, mas sim em explorar a vulnerabilidade de seu público e forçar um consumo exagerado e inconsequente.