A população está mais velha, então como lidar com essa situação? Essa talvez seja a nossa maior questão a ser estudada, pois se trata da qualidade de vida a ser aproveitada para esse novo grupo populacional, além de saber lidar com a finitude humana (morte) sem ferir os aspectos bioéticos que cercam essa situação.

Não é novidade entender que a população brasileira e mundial está vivendo mais, ou seja, está envelhecendo e atingindo idades que no início do século passado eram especuladas, o que pode ser confirmado pelos dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2022) que destaca esse crescimento devido aos progressos tecnológicos e medicinais e à busca constante por uma melhor qualidade de vida.

O desafio colocado pela sociedade em termos de longevidade está ligado ao fato de viver mais tempo, face ao contato adequado com alguém que atingiu a maturidade, o chamado adulto maturo. Alegria, lazer, qualidade de vida e espiritualidade são fatores que devem estar à disposição desse público, pois se entende que esse dito idoso não perde seus sentimentos, caprichos e fantasias com o passar dos anos, pois seja para ter um bom relacionamento ou seguir um caminho para a sexualidade envolvida neste período que são fatores importantes para essa população.

A gerontologia estuda o envelhecimento humano como um processo gradual de envelhecimento, em particular, a geriatria estuda e cuida da ordem cronológica da vida. Podemos agora referir-nos a este público como idoso ou terceira idade, mas, no entanto, é importante ressaltar e compreender que hoje em dia a quarta faixa etária (aqueles com mais de 80 anos) está cada vez mais presente em nosso cotidiano.

O termo “muito velho” foi descrito por Silva e Brasil (2016) como expectativa de vida humana classificada em alguns momentos como a quarta idade, sendo importante ressaltar que o termo se refere a pessoa com 80 anos ou mais.

Assim, podemos entender que as contribuições na área da geriatria e gerontologia, quando estudadas em conjunto pode fornecer abordagens que ultrapassam os aspectos médicos, enfocando também na importância do biopsicossocial e filosófico, estando nesse perfil à devida compreensão desse grupo sobre os aspectos da ciência e do cenário epidemiológico do envelhecimento, onde o aspecto ético e bioético surge como mediador à situações inerentes ao cuidado e atenção ao longevo portador ou não de comorbidades.

Os requisitos importantes encontrados na velhice podem ser: o perceber, o pensar, o conceber e o sentir, a fé e o acreditar, além da diferença entre a manutenção da vida ou o desenvolvimento da doença, podendo ser descritos como gerontologia e geriatria.

Embora a velhice utilize de critérios etários para ser compreendida, é importante ressaltar que esses aspectos são biopsicossociais e cronológicos que se inserem nas condições históricas, políticas, econômicas, geográficas e culturais do processo envelhecer, não podendo definir mediante a essas elucidações como idoso uma pessoa que apenas completou 60 anos (65 anos para países desenvolvidos) de idade, pois o conceito de idade é multidimensional na vida humana.

Entende-se que esse grupo é mais susceptível as mortalidades que aqui são abordadas como aspectos da finitude humana (morte) e que assim devem ser elucidadas como aspectos envolventes e de suma categorização para entendermos o longevo em seus aspectos éticos.

Pessini descreveu em 2013 que a palavra ética deriva do latim – éthica e do grego – ethiké, sendo ambas um ramo da filosofia, que estuda a natureza do que consideramos adequado e moralmente correto, podendo-se afirmar também que é, portanto uma Doutrina Filosófica que tem por objeto a moral alocrono (espaço e tempo), sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana. Também identifica que ética constitui hábitos, modo de ser, conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade onde vive, ou ciência da conduta humana estando presente em todos os aspectos culturais de uma nação que envolve a religião, a política, a moral, os costumes e relacionamentos. Desde os primórdios presenciamos a hierarquização como um processo ético, o ato de respeito para com os mais velhos, mais sábios e/ou mais poderosos pode estar incluso na hierarquização.

Na natureza o mais forte tem domínio de sua espécie, porém o mais esperto consegue burlar esse sistema. O sistema animal nos possibilita identificar o comportamento da espécie quanto ao territorialismo. O poder e o ser ético, é estar dentro dos conceitos ditados pela sociedade, que por sua vez segue um padrão de aceitação e rejeição quanto às condutas.

A Bioética é o estudo transdisciplinar entre Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Filosofia e Direito que investiga as condições necessárias para uma administração responsável da vida humana, animal e ambiental.

A bioética (estudo da vida humana) foi apresentada na década de 70 pela descrição de Van Rensselaer Potter no seu livro Bioethics, bridge to the future (1971).

Agora, ciente das informações apresentadas, criamos uma ligação entre os processos de envelhecimento e os aspectos envolvidos bioeticamente, onde segundo a ONU – Organização das Nações Unidas, o Brasil, tem projeção de 214 milhões de habitantes em 2023, tinha uma expectativa de vida de 48,1 anos em 1950, chegou a 75,3 anos em 2019, caiu para 72,8 anos em 2021, subiu para 76,2 anos em 2022/2023 e deve alcançar 88,2 anos em 2100.

Fica a dica: O nicho do mercado está nessa população gerontologicamente falando, pois são e serão os grandes consumidores de produtos em todas as instâncias da sociedade.