Se você não muda, o mundo muda você.

(Autor desconhecido)

Quando ouvi isso, há muitos anos, pela primeira vez, fiquei impactada e pensativa. Como saberei quando o aviso chega? Identificarei quando for preciso mudar. Como enxergar o óbvio que muitas vezes é aquilo que não vemos, segundo Freud? Como não deixar a hora passar e acertar os ponteiros do relógio para o tempo certo.

Bem, nem tudo é sinalizado, e por vezes, as nuvens são tão densas que atrapalham nossa visão. Queremos enxergar, mas não é possível. Insistimos por um aviso ou sinal, mas eles se demoram. Pensamos que poderíamos estar fazendo mais ou melhor, que talvez haja outra saída ou uma sorte instantânea ou ainda um milagre de última hora. O desejo clama pelo futuro, e o pensamento está amarrado ao passado.

O que importa mesmo é estar atento ao presente, focado no que se quer e com uma dose extra de paciência. Muita paciência! Vivemos um tempo da urgência, onde tudo é muito rápido, e se não acontece, instala-se uma ansiedade sobrenatural que nos deixa cheios de incertezas, sem confiança no nosso processo.

Existem facilmente as comparações e com isso uma dúvida sobre o nosso próprio valor. Esquecemos nossas realizações em busca daquilo que queremos viver. Que desperdício!

Quando estamos nesse deserto, que eu chamo de hiato, onde estamos sós, onde a reconstrução e a renovação de votos conosco precisam ser creditadas internamente, existe um frio na alma e muitas vezes não é tão fácil transmutar esse espaço de tempo, porém só o próprio indivíduo é capaz de experienciar e encontrar saídas. Ajuda é necessária e bem-vinda quando acrescenta.

Uma vida vivida por inteiro é tão única e inigualável que se torna impossível querer nomeá-la pela ótica do outro. A comparação nos distrai e nos torna fracos, apavorados com nosso próprio sentir e como vamos desenhando nossa existência.

Não se trata de passividade ou de sentar-se e esperar, mas de viver o dia a dia construindo mudanças mais palpáveis e realizadoras.

Quando a oportunidade, o amor, a aventura chegam, é também um tempo de medo e dúvida sobre possíveis caminhos, erros e acertos, porém não temos como saber, talvez intuir, e isso já é o suficiente.

Claro que o medo vem! O desconhecido se aproxima, então é hora de ir, mesmo que você não conheça o final do livro, mesmo que você não tenha todas as ferramentas, habilidades ou motivações, mesmo que seja um quebra-cabeças, mesmo que o caminho pareça tortuoso, vamos descobrindo.

Algumas vezes precisamos nos movimentar para que o vento sopre e outras possibilidades sejam vistas. Não precisamos de todas as respostas, nem tudo precisa ser milimetricamente controlado, isso nos deixa nervosos e aflitos. Que possamos nos deixar surpreender e com isso ter forças para revidar e superar, desviar a rota e refazer o que for necessário.

Costumo dizer que o caleidoscópio é um instrumento que muito nos ensina, pois ao girá-lo vemos as coisas sob outras perspectivas. Os novos desenhos podem suscitar novas ideias, novos modelos de pensar e agir, nos levando para adiante, apesar dos desafios constantes. Quando falei da paciência, é procurar no aparente vazio uma forma de crescimento, prestando atenção em tudo ao seu redor, lendo, ouvindo palestras, se conhecendo mais, dormindo, organizando as gavetas, cozinhando, cuidando, se mantendo cuidado, caminhando.

O tempo de semeadura pode ser longo, como também pode ser demorado o tempo da colheita, mas há de se acreditar que o tempo nos empurra para a vida de formas diferentes, porque até ele pode não respeitar uma linha reta.

Precisamos de flexibilidade, uma certa leveza para não nos desesperarmos, para poder ter mobilidade emocional e física para o novo. Precisamos saber lidar com as reviravoltas, podemos e devemos experimentar o que a vida nos coloca, sem a paralisação da mente duvidosa e descrente. Acreditar em outros olhares, outros lugares, outras pessoas e outras vivências.

Nos vemos já! Já!