O Brasil é um dos países mais diversificados em termos de belezas naturais, pontos turísticos, tamanho de território para implantação de diversas indústrias, comércios dos mais variados e iniciativas sociais das mais diversas. A situação crítica do país é antiga e fruto de uma república mal constituída ao longo de muitos anos, relacionada a uma formação social confusa da sociedade brasileira e construída sobre a lógica de diversas oligarquias ao longo do tempo. Essa situação foi mapeada pelos principais brasiólogos e em seus principais escritos, como os de Sergio Buarque de Holanda em "Raízes do Brasil", Darcy Ribeiro com "Povo Brasileiro", Meira Penna em "1988: a utopia Brasileira", Gilberto Freyre com "Casa Grande e Senzala", Florestan Fernandez com "A etnologia e a sociologia no Brasil" e Raimundo Faoro em "República Inacabada", "Democracia em Transição" e "Os Donos do Poder". Alguns desses livros foram consultados para a elaboração deste artigo, com foco em fornecer um panorama resumido sobre uma das nações mais complexas do mundo.

O Brasil passou por três períodos autoritários (Ditadura Militar, Floriano Peixoto e Estado Novo), contribuindo negativamente para a consolidação do estado brasileiro. Esse estado sempre teve um enfoque no estado de bem-estar social Europeu, mas sem as condições e a estrutura correta para ser financeiramente saudável, prejudicando a população economicamente e socialmente.

No período da nova república e após a Constituição de 1988, formou-se um novo conjunto de oligarquias, diferentes das de períodos anteriores, mas com a mesma lógica de servir apenas à elite da nova república, operando de forma distante das demais classes sociais do país. Não há conexão dessas elites com as necessidades de um país indigente, que perdeu todas as oportunidades de desenvolvimento e completamente desnorteado social, política e economicamente. Todas essas características das nossas elites são fruto de uma confusão séria entre o público e o privado, resultando na falta de zelo pela institucionalidade por parte de nossas autoridades. Isso não se alterou muito em relação aos pactos constitucionais de períodos históricos anteriores.

Devido a esses problemas e aos sérios desafios nas áreas social, econômica e política que precisam ser superados, as autoridades e oligarcas do pacto constitucional de 1988 não tiveram capacidade técnica para enfrentar esses desafios e não possuíam moralidade suficiente para assegurar a confiança da população. Isso culminou nos protestos de 2016. No entanto, como a população brasileira nunca teve o hábito de lidar com política de forma assertiva e possui um entendimento pueril sobre o assunto, esses protestos resultaram no avanço de um neo-populismo de direita oriundo das mídias sociais. Esse neo-populismo não sabia como lidar com os desafios sérios nos âmbitos social, político e econômico, que foram simplesmente ignorados pelas elites do pacto constitucional de 1988. Essa nova onda agravou a situação do país nos aspectos institucional, econômico e social, uma vez que foi liderada por pessoas anti-sistema com discurso fácil, mas sem ideia de como enfrentar os complexos problemas do país, em grande medida coniventes com políticos antigos ligados à redemocratização.

Portanto, o Brasil sempre será um país promissor, mas para deixar de ser uma eterna promessa, muitos ajustes terão de ser feitos na resolução da crise de liderança em vários setores da sociedade, na correção da falta de credibilidade das instituições públicas e de imprensa e de seus controladores, e, acima de tudo, grandes parcelas da população terão de adquirir uma visão mais madura em relação à política.

Nesse cenário desafiador, é crucial que a sociedade brasileira busque ativamente o desenvolvimento de uma consciência política mais sólida e informada. A construção de uma nação resiliente e próspera demanda a participação ativa de todos os cidadãos, o questionamento das estruturas vigentes e a promoção de reformas profundas. A superação dos entraves históricos requer não apenas mudanças nos sistemas político e econômico, mas também uma transformação cultural que valorize a transparência, a ética e a responsabilidade. Em um esforço coletivo, é possível vislumbrar um futuro no qual o Brasil não apenas realize seu potencial como nação, mas também se destaque como exemplo de democracia, equidade e progresso.