É uma jornada emocional complexa e vivida de diferentes formas por cada um de nós, mas há meios de atenuar a tristeza e manter viva a memória daqueles que amamos e já não estão connosco.

A perda de alguém querido é uma experiência universal, uma jornada emocional complexa que todos eventualmente enfrentamos. A dor resultante desse tipo de perda é profunda e pode ter um impacto duradouro nas nossas vidas. Esta jornada de luto traz emoções novas, nunca antes experienciadas, e desafios difíceis no seguir em frente.

As emoções de uma perda

A primeira reação é frequentemente uma onda avassaladora de tristeza. A dor emocional pode ser esmagadora, tornando difícil acreditar que algum dia nos iremos recuperar ou voltar a ser como éramos e, muito provavelmente, algumas coisas irão mesmo mudar. A tristeza, muitas vezes, mistura-se com outros sentimentos, tal como raiva e a pergunta “porquê”, criando um furacão de emoções difícil de lidar.

A aceitação é um dos maiores desafios neste processo de perda. Sendo importante frisar que o aceitar não significa esquecer ou diminuir a importância da pessoa que partiu, mas sim, integrar essa perda na nossa vida, continuar a avançar e encontrar um novo equilíbrio emocional. É um processo que leva tempo e cada pessoa o vivencia de maneira diferente.

O processo de luto é um caminho único para cada um de nós

Não há um tempo certo para o luto ou uma forma certa de chorar a perda de alguém que amamos. Segundo o modelo de Elizabeth Kubler-Ross descreve cinco fases do luto: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. A terceira fase aplica-se nos casos em que o luto chega antes da morte em si, ainda que esta seja já um dado certo. É conhecida como fase da negociação, ou seja, a pessoa faz acordos consigo própria, com Deus ou algum santo para que a morte seja evitada. Por exemplo, se a pessoa em questão melhorar, prometer fazer ou deixar de fazer algo.

No entanto, é importante ressalvar que estas fases não são, de todo, lineares e cada pessoa pode experienciar tudo isto numa ordem diferente, demorando mais ou menos tempo numa etapa e vivendo-a com mais ou menos intensidade. Há quem sinta a necessidade de se isolar, enquanto outras pessoas se apoiam em amigos e familiares para ultrapassar a dor. O importante é respeitar o próprio processo de luto e permitir-se sentir as emoções, sem julgamentos. É importante viver e sentir tudo isto para, futuramente, a ferida curar e ser mais fácil continuar o nosso trilho.

O papel da ajuda profissional

Obviamente que os amigos e familiares podem oferecer conforto, compreensão, um ombro amigo e um ouvido atento para desabafos e dores. No entanto, o apoio profissional pode ser uma opção nesta jornada, pois ajuda a ultrapassar e a viver a dor de forma mais atenuada. Comunicar abertamente sobre a dor e a necessidade de apoio é essencial para dar início ao processo de cura. Consultar um psicólogo ou um terapeuta é um meio significativo para conseguirmos viver o luto de uma forma mais tranquila, preservando o nosso bem-estar geral no meio de uma grande complexidade de sentimentos e emoções.

Honrar a memória de quem partiu

Honrar a memória do nosso ente querido é uma maneira significativamente positiva de lidar com a perda. Criar rituais de lembrança através da comemoração de datas, visitas a locais especiais para a pessoa que partiu ou para ambos, acender uma vela ou escrever cartas (ou até artigos), pode proporcionar um certo conforto e ser uma forma de manter viva a presença da pessoa nas nossas vidas.

Além disto, a partilha de histórias e memórias também é uma maneira poderosa de preservar o legado da pessoa, celebrando assim a vida que tiveram, o que fizeram e o que alcançaram, deixando um conforto inexplicável no coração e na mente de quem fica e sofre pela partida. Isto pode ser também uma oportunidade de reflexão sobre a vida e nós mesmos, bem como uma oportunidade de crescimento pessoal.

A reflexão sobre a perda traz autoconhecimento

Embora seja difícil encontrar sentido na perda de alguém que amamos, muitas pessoas percebem que o luto as leva numa jornada de autoconhecimento e transformação interna, pois são vividos momentos muito singulares e com grande impacto na forma como vivemos e vemos a vida. A perda de um ente querido pode dar uma acrescida importância à vida, aos relacionamentos, à família e à maneira como vemos o mundo. À medida que enfrentamos a dor, podemos aprender a valorizar mais o tempo que temos com aqueles que amamos e dar mais valor às pequenas conquistas e aos pequenos gestos. Em contrapartida, pode ainda ajudar a menorizar conflitos que antes pareciam gigantescos ou a problemas que não tinham assim tanta importância como aparentavam.

O luto é uma jornada pessoal e diferente para cada um

A perda de alguém querido é uma jornada pessoal muito dolorosa, mais tarde ou mais cedo, todos passamos por ela. Enfrentamos uma diversidade de emoções e sentimentos nunca antes vividos, um turbilhão de tudo e de nada, uma viagem pela dor, pelo sofrimento e pelas demais perguntas. Requer coragem, paciência, força e fé, sendo vital permitirmo-nos a sentir tudo, a procurar apoio na família e amigos ou até em profissionais, assim como encontrar maneiras de honrar a memória da pessoa que já não está. Com isto, podemos começar a encontrar significado na perda e, eventualmente, construir um caminho em direção à cura.