O Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) em Lisboa veio perturbar os confortados e confortar os perturbados.

Ignore o ponto de referência. Este museu promete trazer mais do que apenas uma nova linha de horizonte para a cidade, ao olhar para as implicações mais amplas da arquitetura no mundo da tecnologia e apresentando uma nova compreensão da condição atual da disciplina.

"O MAAT vai se concentrar na cultura contemporânea através de uma combinação de artes visuais e mídia, arquitetura e cidade, tecnologia e ciência, [e] sociedade e pensamento", afirma a EDP num comunicado de imprensa.

Não há dúvida de que atualmente a tecnologia se está a tornar essencial, tanto na arquitetura quanto na experiência do museu. Estamos a atravessar um momento em que a tecnologia dá forma às coisas. Especialmente em arquitetura, o que é possível desenhar com um novo sistema digital e de edição de computador pode ser construído. Algo completamente diferente do que foi feito até então.

Nesse sentido, este museu irá debater sobre temas atuais, relacionados sobretudo na forma como a tecnologia pode ser aplicada num sentido que seja útil para as pessoas e não seja muito abstrato. Existe um compromisso em explorar muito além das fronteiras arquitetónicas tradicionais, juntando arte e tecnologia.

Ao teorizar sobre o impacto da ciência moderna na arquitetura no século XVIII, Pérez-Gómez descreve um conjunto de fatos culturais e tecnológicos que contribuíram para uma mudança de paradigma na maneira como o homem viu e compreendeu o mundo. Os avanços científicos modernos deste período trouxeram mudanças culturais e tecnológicas, que naturalmente afetaram a disciplina da arquitetura e os seus valores. Desde então, a evolução arquitetónica dos últimos dois séculos revelou uma expansão possível através do uso e exploração das tecnologias informáticas.

O MAAT irá permitir levantar imensas discussões pertinentes para o atual panorama social, cultural e arquitetónico, tais como: de que forma irão os museus de arquitetura adaptarem-se aos padrões variáveis de produção e consumo de arquitetura e eventos culturais? Como podem as instituições mediar a relação entre o público em geral e a arquitetura? Que papel devem os museus desempenhar na cultura atual da arquitetura? Como podem evoluir as coleções e o desenho arquitetónico da exposição? Como divergem as instituições emergentes e estabelecidas nas suas abordagem e tradições?

A combinação entre arte, arquitetura e tecnologia está ainda numa fase muito precoce e não podemos dizer quão bem sucedido irá ser. Mas iremos deparar com uma nova abordagem que irá certamente permitir descobrir a presença de museus de arquitetura na cultura da arquitetura contemporânea.