A Galeria Vermelho apresenta, de 04 de novembro a 06 de dezembro de 2014, a exposição “O Balanço da Árvore Exagera a Tempestade”, da artista portuguesa radicada em Nova York, Gabriela Albergaria (48), e “Shangai em São Paulo in Shangai” instalação de Carla Zaccagnini (40). Na data de abertura, a Editora Cosac Naify lançará no Edições Tijuana a tradução de Christian Werner para o poema “A Odisseia”, de Homero, que conta com ilustrações de Odires Mlászho, e “The Madman Sees What He Sees”, publicação de Carla Zaccagnini, que conta com artigos de Teresa Ricardi, Kiki Mazzucchelli, e com uma entrevista com o curador Jochen Volz.

Gabriela Albergaria. O Balanço da Árvore Exagera a Tempestade

Em “O Balanço da Árvore Exagera a Tempestade”, Gabriela Albergaria apresenta um conjunto de obras independentes que estabelecem entre si uma reflexão acerca da domesticação da paisagem pelo ser humano.

Recorrendo a elementos retirados da natureza, Albergaria cria esculturas, pinturas, desenhos e fotografias que, segundo a artista, são como exercícios de atenção e de reflexão entre natureza e cultura.

Escultura criada com terra, ramos e folhas de árvores, “Couche Sourde” (2014) empresta seu título de uma técnica de germinação de sementes de plantas tropicais em solo europeu. Descobriu-se que a disposição em camadas de terra, entremeadas por folhas e ramos de árvores exala calor suficiente para a germinação de sementes. Antes desta descoberta, as plantas viajavam do Novo Mundo para a Europa em pequenas mudas, já que as sementes não encontravam no Velho Mundo, solo e clima necessários para germinarem. “Couche Sourde” refere-se a essa descoberta e a essa técnica que tornou possível a migração e proliferação de plantas originárias dos trópicos em solo europeu. Para construir a escultura, Albergaria contou com um sistema de cofragem (molde) de madeira, terra, ramos e folhas da flora local. A escultura, com 600 cm X 120 cm X 90 cm, instalada pela artista na sala 1 da Vermelho, dialoga não apenas com uma das temáticas principais abordadas por Albergaria no conjunto de sua obra, ou seja, a transferência de cultura detonada pela migração de plantas e árvores, mas também com questões relacionadas a perspectiva, bi e tridimensionalidade.

Em “Quatro Estações” (2014), Albergaria cria uma espécie de catálogo de cores das estações do ano. Em suas viagens, a artista recolheu folhas de árvores de distintas localidades do planeta. A primavera aparece representada por folhas de árvores recolhidas em Narrowsburg (EUA); de Portugal e Connecticut (EUA) são as cores que representam o verão; as cores do outono vem do Brooklyn (EUA), e do inverno de folhas colhidas em São Paulo. Além de um exercício intenso sobre cor, Quatro Estações é também uma representação poética sobre a passagem do tempo.

Sobre a fachada da Vermelho, Albergaria cria uma grade de cabos de aço que emprega a sequencia aditiva criada por Fibonacci. A sequência de Fibonacci está intrinsecamente ligada à natureza. Estes números são facilmente encontrados no arranjo de folhas no caule de plantas, em copas das arvores ou até no número de pétalas de algumas flores. Esta sequência dá origem à "regra de ouro" empregada por arquitetos e artistas na criação de proporções ditas "corretas” e harmônicas. A partir da sequencia Fibonacci, Albergaria criou também “Leaf Arrangement”. A obra estabelece uma referencia à aplicação da sequência de Fibonacci ao mundo natural, nesse caso, ao crescimento das folhas ao redor do caule de uma planta.

Em Endangered and Vulnerable, Albergaria cria uma espécie de biblioteca de xilogravuras com desenhos monocromáticos de árvores em vias de extinção. Seguindo a mesma ideia, “Planificações de 5 madeiras encontradas no Canal Gowanus, Brooklyn (NY)” empresta seu título do canal mais poluído dos Estados Unidos, localizado próximo ao atelier da artista no Brooklin, em Nova York. Para criá-la, Albergaria planificou 5 tipos de madeira distintas encontradas nas proximidades do canal usando um material moldável de forma a conseguir um molde das madeiras contaminadas por produtos tóxicos. Um molde que permite a sua preservação, ou melhor, a preservação da sua imagem, de sua representação.

Gabriela Albergaria – Seleção de exposições individuais: Projecto Contentores - Museu da Electricidade – Lisboa – Portugal (2014); No hay tal cosa como la naturaleza – Carmen Araujo Arte – Caracas – Venezuela (2013); Térmico - Pavilhão Branco - Museu da Cidade - Lisboa – Portugal (2010); ABRACADÁRVORE – MAM-BA – Museu de Arte Moderna da Bahia – Salvador – Brasil (2008. Seleção de exposições coletivas: Animalia e Natureza na Coleção do CAM – Fundação Caloustre Gulbenkian – Lisboa – Portugal (2014); É Tropical, inclusive – Museu de Arte Moderna [MAM BA] – Salvador – Brasil, Paisagem e Natureza na Arte Contemporânea Portuguesa - Museu de Évora - Évora – Portugal, As trama do tempo na Arte Contemporânea: Estética ou Poética - Instituto Figueiredo Ferraz - Ribeirão Preto – Brasil (2013); El Gran Sur - 1a Bienal de Montevideo – Fundacion Bienal de Montevideo – Montevideo – Uruguai (2012); Ecólogica - MAM-SP- São Paulo – Brasil (2010); XV Bienal de V. N. de Cerveira - Fórum Cultural - Vila Nova de Cerveira – Portugal (2009).