A Galeria Vermelho apresenta, de 16 a 19 de dezembro de 2014, e de 12 de janeiro a 14 de fevereiro de 2015, a exposição “Histórias Frias e Chapa Quente”, individual de Dias & Riedweg.

Desde 1993, Maurício Dias (Rio de Janeiro, 1964) e Walter Riedweg (Luzerna, 1955) desenvolvem projetos que investigam as formas como a esfera privada afeta o espaço público e vice-versa. A individual “Histórias Frias e Chapa Quente” apresenta um conjunto de obras recentes de Dias & Riedweg que estabelece uma reflexão acerca de fatos ocorridos nas ultimas oito décadas da história da humanidade.

A videoinstalação Cold Stories (2011) combina mais de 600 arquivos em vídeo extraídos da internet com imagens relacionadas ao período da Guerra Fria, de 1944 até os dias de hoje. O trabalho faz referência às memórias fragmentadas que os artistas têm sobre esse período, empregando séries e comerciais de TV, responsáveis na época pela propagação do conforto doméstico, além de discursos, eventos históricos e políticos, imagens de conflitos e de guerras. Na obra, estas imagens aparecem dentro de círculos coloridos que se expandem na tela e explodem feito bolhas de sabão. A videoinstalação apresenta ainda quatro baús antigos contendo marionetes de personagens representativos na história da Guerra Fria, como Che Guevara, Mao Tse-Tung, John F. Kennedy e Nikita Khrushchev.

Como em uma máquina “caça-níqueis”, a videoinstalação “Chapa Quente” (2014) mostra em quatro telas objetos utilizados pela polícia, como capacetes, cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo. A cada vez que os objetos se repetem em sequência, surgem na tela imagens dos protestos que sacudiram o Brasil nos meses de junho e julho de 2013, fotos históricas dos anos da ditadura e imagens de fenômenos naturais de grande intensidade, como vulcões, gêiseres, deslizamentos de terra e tsunamis.

Em “Sob pressão” (2014) trinta barômetros revelam a pressão atmosférica do espaço, além de discretas intervenções gráficas com nomes de favelas do Rio de Janeiro, como Maré, Mangueira, Rocinha, Alemão, Fogueteiro, Cidade de Deus, entre outras.

Também de 2014, “Evidência” traz um termômetro de três metros de que em sua escala entre 40 graus Celsius negativos e 40 graus positivos, revela inscrições com datas de acontecimentos históricos ocorridos entre 1944 e 2014.

Obra comissionada pelo Museu de Arte Contemporânea de Helsinque (KIASMA), em 2004, “Throw” conta com a participação de transeuntes de uma praça em Helsinque, que arremessam diretamente no olho da câmera uma série de objetos. O gesto das pessoas ganha potência com o efeito da câmera lenta e da inclusão de imagens de arquivo de manifestações políticas que aconteceram na Finlândia durante o século 20. Walter Riedweg observa que o filósofo alemão Peter Sloterdijk (1947), em seu livro ''Spheren III'', afirma que “o ato de atirar algo marca uma diferença significante na história do Homo sapiens”. “Quando o homem primitivo aprendeu a atirar coisas, ele iniciou a ideia de comunicação à distância. Este mesmo gesto permanece como uma ferramenta social de comunicação e protesto”, diz o artista.

Obra realizada em 2014 em colaboração com a crítica de arte Glória Ferreira e a artista Juliana Franklin, “Blocão” reúne em 30 mil folhas de um bloco de aproximadamente um metro quadrado, uma seleção de 80 frases polêmicas proferidas por políticos e personalidades da mídia. O público poderá escolher uma frase e destacar a página para levar consigo.

“Histórias Frias e Chapa Quente” conta ainda com um conjunto de obras criadas entre 2010 e 2012 intitulado pelos artistas de “Pequenas histórias de modéstia e dúvida”. Uma dessas obras, composta por três projeções sincronizadas revela cenas do cotidiano das favelas no Rio de Janeiro. O processo de edição elegante e único reinventado por Dias & Riedweg para essa série de vídeos, que conta com trilha sonora para piano criadas por Walter Riedweg, se contrapõe à ideia de vulgaridade e de violência criada pela imprensa sobre essas comunidades.

Sobre os artistas

Maurício Dias (Rio de Janeiro, 1964) e Walter Riedweg (Lucerna, 1955). Vivem e trabalham no Rio de Janeiro. Suas obras integram as coleções de museus, como o Centre Georges Pompidou (Paris), o MACBA (Barcelona); MOCA, (Los Angeles); Kiasma (Helsinki), MAR (Rio de Janeiro), e nos Museu de Arte Moderna de Lisboa, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, Dias & Riedweg receberam prêmios da Fundação Guggenheim (Nova York), das Fundações Vitae e VideoBrasil (São Paulo), e ProHelvetia (Suíça). Os artistas realizaram projetos de arte no Brasil, Argentina, África do Sul, Egito, China, Japão, Estados Unidos, México e em diversos países da Europa, bem como exposições individuais marcantes, como no Centro Cultural do Banco do Brasil (Rio de Janeiro), Espace Le Plateau (Paris); Americas Society (Nova York); Museu de Arte de Lucerna (Suíça); Instituto Tomie Ohtake (São Paulo), e MUAC - Museu de Arte Contemporânea do México (Cidade do México). Dias & Riedweg integraram várias das mais importantes exposições internacionais, entre elas, a documenta12, em Kassel (2007), a Bienais de Veneza (1999), São Paulo (1998, 2000 e 2002), Istambul (1998), Havana e Mercosul (2003), Liverpool e Shangai (2004), e Gwangju (2006), bem como “Conversations at the Castle”, de Homi Bhabha e Mary Jane Jacob, em Atlanta, em 1996, e “L’État des Choses”, de Catherine David, no Kunst-Werke, Berlim, em 2001.