Em «Sombras e Nevoeiro» de Joanna Latka é apresentada uma selecção de gravuras e desenhos, produzidos desde 2007, e que se caracteriza pelo forte cariz expressionista, num registo monocromático e de intensos contrastes entre o claro e o escuro, numa clara referência ao expressionismo alemão. Daí o título desta mostra, inspirado, do ponto de vista formal, no filme homónimo de Woody Allen (1991), também uma homenagem a este movimento artístico do início do século XX. Encontramos nesta exposição o mistério, os contornos sombrios e contrastados, a figuração distorcida, os cenários que não representam a realidade concreta,, exprimindo, antes, uma perspectiva emocional e subjectiva da mesma. São obras em que está presente a ironia e a sátira que bem caracterizam a actividade e a sensibilidade artísticas de Joanna Latka, instrumentos de estilo e formais a que a artista recorre para provocar o espectador.

«Sombras e Nevoeiro» insere-se no Festival Inshadow, cujo tema da edição de 2015 é “Sombra e Corpo”, reforçando a relação da exposição com o movimento e com o cinema. O festival decorre de 26 de Novembro a 6 de Dezembro em diversos locais da cidade de Lisboa.

Folha de Sala

«Das sombras e do nevoeiro» apresenta uma selecção de gravuras e desenhos de Joanna Latka que se caracteriza pelo forte cariz expressionista, num registo monocromático e de intensos contrastes entre o claro e o escuro, numa evidente referência ao expressionismo alemão. Daí o título desta exposição, inspirado, do ponto de vista formal, no filme homónimo de Woody Allen (1991), também este uma homenagem a este movimento artístico do início do século XX.

As obras apresentadas nesta exposição convocam-nos para uma viagem ao percurso artístico de Joanna Latka, iniciado ainda em Cracóvia, a sua cidade natal. Desses tempos, nos idos 2005, Joanna mantém a sensibilidade para observar a realidade, guarda as sensações e percepções na memória, transformando-as, depois, nas suas próprias expressões, no duplo sentido do termo: literal e artístico. A “realidade” torna-se, pois, um território pessoal, emotivo e único que ganha existência na matriz de metal ou na folha de papel. Aparecem anjos em luta e em queda. As almas nadam por um rio. Ao telefone e no metro escutam-se frases soltas. Há beijos e sushi. Passeia-se, de noite, claro. Há mulheres, alimentadoras ou amantes. Há conversas de um qualquer quotidiano. Encontros e desencontros numa quinta face da lua.

Surgem como sombras num ora intenso ora suave nevoeiro., suspensas na parede ou no meio da sala como galáxias. Os atómos são estes personagens de figuração distorcida, envoltas num mistério, de estórias e cenários ficcionados, de contornos sombrios e contrastados. Uma imaginação irónica e satírica, instrumentos de estilo e formais bem característicos da sensibilidade artística de Joanna Latka, que a eles recorre para provocar o espectador a sair da órbitra e levantar voo. Como no livro de Italo Calvino, vamos fazer voar as galáxias?