A Galeria Filomena Soares tem o prazer de apresentar no seu espaço expositivo as mais recentes obras de Rui Chafes (Lisboa, 1966). Intitulada Incêndio, a mostra inaugura no dia 12 de Janeiro de 2017, pelas 21h30, e estará presente até ao dia 18 de março 2017.

A exposição é constituída por um núcleo de 25 esculturas, 14 das quais realizadas em ferro e intituladas “Incêndio” e as restantes 11 concebidas em bronze sob o título “É assim que começa..”.

Sobre estes novos trabalhos o artista escreveu: “Procuro um espaço, de sombra e vazio, onde não sejam precisas palavras. Aí, onde tu e eu ainda não estamos, falas comigo de uma forma que só para nós faz sentido. Dizes-me, com a tua voz muda, que estou a querer ir onde não posso. Pedes-me para te deixar ir embora, mas acredito que queres ficar.

Vejo-te partir, lentamente, sabendo que nos iremos reencontrar mais adiante, num outro lugar, talvez num outro tempo. A tua mão já não tem força para procurar a minha. Espera por mim, digo-te. Penso que já não me ouves.

Todos os dias me aproximo desse espaço, mas ainda não consegui vê-lo claramente. Procuro sempre no teu rosto, suave e quase ausente, o caminho que me queres mostrar. Talvez esse lugar seja uma só palavra. Talvez seja apenas uma palavra de despedida.

A cada hora que passa, me sinto mais longe dessa catedral inacabada que são os ossos sob a tua pele, o teu crânio, as órbitas sombrias dos teus olhos tão longínquos dos meus. Dormes na distância, num crescente silêncio. Despedes-te lentamente, irreversivelmente. Dia após dia te vais afastando e tudo escurece e arrefece.

Permanentemente faço um esforço para plantar uma floresta dentro dessa tua catedral. Gostava de a ver crescer, ocupar o espaço todo e dar-lhe forma, erguer-se solenemente em direcção ao céu, fazendo-o despertar e florescer as estrelas.

Quando, por fim, o delicado e frágil fio de espuma que ainda nos unia se rompe e decides partir, a poeira cinzenta e triste que nos envolvia começa a pousar, revelando as solitárias silhuetas das árvores que se erguem entre as tuas ruínas.

A vida é combustão, ficamos sempre com o que nos resta depois do permanente incêndio. "Já não és tu", diremos nós nesse momento.

O lugar está em mim. O céu está em ti”.

Rui Chafes nasceu em 1966 em Lisboa, onde actualmente vive. Fez o Curso de Escultura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, entre 1984 e 1989. De 1990 a 1992 estudou na Kunstakademie Düsseldorf com Gerhard Merz. Durante esta estadia, traduziu de alemão para português os Fragmentos de Novalis, tendo o livro sido editado pela Assírio & Alvim em 1992. Desde meados dos anos 80, o seu trabalho tem sido exposto em Portugal e no estrangeiro.

Em 1995 representou Portugal, juntamente com José Pedro Croft e Pedro Cabrita Reis, na 46a Bienal de Veneza e em 2004 na 26a Bienal de S. Paulo, com um projecto conjunto com Vera Mantero. Em 2013 foi um dos artistas internacionais convidados a expôr no Pavilhão da República de Cuba na 55a Bienal de Veneza.

Em Portugal, realizou exposições individuais em importantes instituições, tais como o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Museu de Serralves (com Pedro Costa), Centro Cultural de Belém, Sintra Museu de Arte Moderna, Palácio Nacional da Pena e Museu Colecção Berardo (com Orla Barry).

No estrangeiro, teve exposições individuais em instituições como o S.M.A.K. (Ghent, Bélgica), Folkwang Museum (Essen, Alemanha), Esbjerg Kunstmuseum (Dinamarca), Nikolaj Copenhagen Contemporary Art Center (Copenhagen, Dinamarca), Fondazione Volume! (Rome, Itália), Fundação Eva Klabin (Rio de Janeiro, Brasil), Fundación Luis Seoane (A Coruña, Espanha), Hara Museum, com Pedro Costa (Tokyo, Japão) e Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro, Brazil), Ilmin Museum of Art, com Pedro Costa (Seoul, Coreia do Sul) e participou em exposições colectivas como Inklusion / Exklusion, Steirischer Herbst, Graz, En la piel de toro, Museu Reina Sofia, Madrid, Sonsbeek 9, Arnhem, 7.

Triennale der Kleinplastik, Stuttgart, Milano Europa 2000, Milano, Scultura Internazionale a la Mandria, Torino, Cardinales, MARCO-Museu de Arte Contemporanea de Vigo, Himmelschwer-Transformationen der Schwerkraft, Landesmuseum Joanneum, Graz, Ad Absurdum (Energien des Absurden-von der Klassischen Moderne zur Gegenwart), Museum MARTA, Herford, Colossal!, Osnabrücker Land.

O seu trabalho está representado em diversas Colecções europeias (tais como S.M.A.K., Bélgica; Esbjerg Kunstmuseum, Dinamarca; Museum Folkwang Essen, Alemanha; Sammlung Würth, Alemanha; Museo Nacional Reina Sofia, Espanha; Centro Gallego de Arte Contemporaneo, Espanha; Colección Helga de Alvear, Espanha; Colección Caja de Madrid, Espanha; Fundacion Caixa Galicia, Espanha; Fundación Caja de Ahorros del Mediterraneo, Espanha; Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal; Fundação de Serralves, Portugal; Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Portugal; Museu Colecção Berardo, Portugal; Colecção Cachola, Portugal; Fundação PLMJ, Portugal; Centro de Artes Visuais de Coimbra, Portugal) e tem diversas obras permanentes em espaços públicos, tanto em Portugal como no estrangeiro. Em 2004 recebeu o Prémio de Escultura Robert-Jacobsen, atribuído pela Stiftung Würth, na Alemanha. Em 2015 recebeu o Prémio Pessoa.

Tem dedicado uma parte da sua actividade à escrita e também à realização de livros que reúnem o seu trabalho de escultura.