A Blau Projects inaugura, dia 1º de abril, a exposição Para sempre e um dia, individual da artista paulista Renata Cruz. Com desenhos inéditos em aquarela, o trabalho é resultado de períodos em que a artista viveu no Japão e em Portugal, e traz cerca de 365 obras que ocuparão todas as paredes da galeria. Além da exposição, Renata lança no dia 3 de abril um livro de artista homônimo com fotos feitas por Everton Ballardin em seu atelier e design de Reginaldo Pereira, com tiragem limitada.

A exposição é resultado de dois anos de idas e vindas entre Brasil, Portugal e Japão, países onde a artista fez residências artísticas. Em Portugal, sua investigação aconteceu pela Carpe Diem Arte e Pesquisa na casa do Marquês de Pombal, em Lisboa, onde fez uma catalogação dos azulejos restantes no local. Inspirada pela diversidade de elementos e pela cultura portuguesa, ela produziu uma série de obras em aquarela que remetem à experiência.

No Japão, Renata passou alguns meses em residência no Aomori Contemporary Art Center. A região de Aomori é uma das maiores produtoras de maçãs do mundo, o que a inspirou a pintar natureza morta, e também a buscar uma catalogação de seu próprio cotidiano no local, recolhendo folhas de "momiji”, símbolo da passagem do tempo para os japoneses, e outros objetos com os quais se deparava. "A questão da passagem do tempo está presente em tudo, nos azulejos de Portugal, na natureza morta, nas folhas, em tudo o que trago dessa experiência”, conta a artista.

Em sua pesquisa sobre a cultura japonesa, descobriu o escritor Osamu Dazai, considerado um dos maiores ficcionistas japoneses do século 20. As frases pinçadas pela artista podem ser lidas nas pinceladas em japonês e em inglês feitas nas aquarelas, outra marca do trabalho de Renata, a intersecção da pintura com a literatura. Em Portugal, descobriu um autor chamado Al Berto, poeta e pintor nascido em Coimbra, que também a inspirou para tratar do tema da passagem do tempo.

Todas as experiências desembocam no Brasil, onde a artista nasceu. Ao desenhar as maçãs como natureza morta, foi levada ao poema As peras, de Ferreira Gullar (do livro A luta corporal), em que o poeta trata da passagem do tempo por meio da deterioração da fruta.

Ao "envelopar” a galeria com sua obra, Renata cria dois grandes universos- o japonês e o português – que se encontram e se amalgamam na cultura brasileira.

A artista nasceu em Araçatuba, São Paulo em 1964. Formou-se em Comunicação Visual pela Unesp, Bauru, SP, e em Educação Artística pela Unaerp, Ribeirão Preto, SP. Frequentou, como aluna estrangeira, a Facultad de Bellas Artes de la Universidad Autónoma de Madrid - Espanha e possui Pós-graduação em Arte Integrativa, Faculdade Anhembi Morumbi, São Paulo SP. Participou do Ateliê Fidalga, com os artistas Sandra Cinto e Albano Afonso, com quem expôs na Universidade de Arte de Musashino, em Tóquio e na II Bienal do Sertão de Artes Visuais, em Juazeiro. Participou da Bienal de Montevideo, e também expôs na Suécia, Peru, Espanha, Portugal, Japão, Estados Unidos e Alemanha, e em diversas cidades brasileiras.