Vivemos numa sociedade que presa a rapidez, o imediato. Comemos comida rápida, puré instantâneo, usamos pronto-a-vestir, a Internet é omnipresente, e desesperamos se tivermos de esperar 2 segundos para carregar um site, para descarregar um ficheiro. As pessoas orgulham-se dos seus horários super preenchidos, de estarem sempre ocupadas; enquanto se queixam de não terem tempo para nada. Arriscam-se vidas todos os dias no trânsito, para ler aquela sms, enviar um email inadiável, ver a nova viagem de um, a dieta do outro e ainda a festa daquela pessoa de quem nem se gosta assim tanto. Admiram-se (ou invejam-se) sucessos instantâneos, procuram-se fórmulas mágicas para enriquecer, para emagrecer, para não envelhecer.

E enquanto corremos desenfreados de um lado para o outro, o tempo passa e aquela sensação de que não era bem isto que devíamos estar a fazer com a nossa vida vai incomodando, lá no fundo da alma. Nos raros momentos em que nos deixamos sonhar, surgem ideias. Muitas ideias. "Podia fazer isto...", "E se fizesse aquilo?", "Gostava de...", "Se tivesse dinheiro, ia...", "Se não fosse... fazia...". Nos raros momentos em que nos deixamos sonhar, a vida até parece ter solução, o peso que carregamos torna-se mais leve, a nossa ideia parece possível. Por um segundo.

O momento passa e voltamos a olhar em frente, para o ecrã. E a vida passa. Quantas não são as pessoas que me dizem: "Ai, eu ideias tenho muitas!" e depois fazem um sorriso nervoso quando lhes digo que o coaching as vai ajudar a decidir qual é o objetivo que querem seguir e a pôr pés ao caminho para o alcançar. Passar da ideia à prática. Implementar. Concretizar. "E se não conseguir?"

Como num labirinto, em que não sabemos qual o caminho certo e quais os caminhos sem saída, ficam bloqueados na partida, incapazes de escolher. Mas a inatividade, a não escolha, também é uma escolha. A de ficar no mesmo sítio, a idealizar uma ou muitas vidas, que nunca se alcançam, porque nunca nos pomos a caminho, tal é o medo de lá não chegarmos. Será mesmo esse o medo? Ou será, antes, o medo de chegar? De conseguirmos o que queremos e descobrirmos que afinal não era aquilo? Ou de não sabermos viver aquela vida, que não é a nossa. Ainda.

Então, num ato de coragem, decidimos tentar, damos o primeiro passo, e tudo parece possível. Ao segundo, começamos a duvidar. Ao terceiro, a impaciência começa a fazer-se sentir. Ainda falta muito? Se calhar não era isto. Não vou conseguir! Se fosse para acontecer, já tinha acontecido. Não era tão difícil. É melhor voltar para o meu cantinho e ficar sossegado a fazer de conta que não era aquilo, que aqui é que eu estou bem e sou feliz. Afinal, quem tem sucesso não falha. O caminho para o sucesso é limpo, direito, sem obstáculos, nem ervas daninhas. Não é?

E se fizesse antes aquilo? Não, não vou conseguir... E aquilo? Já sei, quero isto! Quando? Agora! Ontem! E é possível? Pois... não. Se calhar também não é isto. Quanto tempo demoraria a conseguir o que quer? 3 anos. Há quanto tempo está insatisfeito e a matar ideias, umas atrás das outras, porque não vai chegar ao destino instantaneamente, sem se despentear, sem enfrentar obstáculos, ou pelo menos contornar algumas contrariedades?

Escolha uma direção e ponha um pé à frente do outro, sem olhar para trás. O tempo vai passar, quer o faça, quer fique no mesmo lugar. E quando estiver a caminho e lhe parecer que afinal não era bem aquilo que queria, mas outra coisa; ponha o pé ligeiramente mais para um dos lados e faça o desvio. Lembre-se que só pôde saber que se queria desviar, depois de se ter posto a caminho. Tenha a coragem de partir e saboreie o percurso.

Já pensou no que quer alcançar em 2017?