Mais radiante que o sol
Mais puro que a neve
Mais sutil que o éter
É o Ser
O espírito dentro de meu coração
Este Ser sou eu
Eu sou este Ser.

(Hermógenes, 2004)

Diz o “Anjo da Graça”: “Devemos aceitar as bênçãos divinas, o prazer. Em tudo está a graça, esse prazer que vem de dentro e que torna mais luminoso tudo o que está fora. A maior graça de todas é estar vivo!”.

Normalmente vivemos dissociados da Graça, como se a mesma fosse algo fora de nós, ao mesmo tempo distante e inacessível. Não conseguimos perceber que a Graça vem de dentro e não de fora. No momento em que identificamos Deus dentro de nós, nos conectamos com nossa força interior e abrimos as comportas de nosso Ser para a vida, para a abundância, a saúde, a paz, o amor e todos os “bens” visíveis e invisíveis deste mundo.

A grande pergunta é por que deixamos cair pesadas grades de ferro entre nós e esse poder do Divino que nos habita? Supostamente por julgarmos estar o mesmo inacessível ou fora de nosso alcance? Por não acreditarmos ser possível o despertar da centelha divina em um simples mortal? Por mero ceticismo? Sim, porque o negrume do mundo em que vivemos muitas vezes se sobrepõe à luz e passamos então a acreditar que a plenitude da luz não é condição deste planeta? Ou simplesmente pela insegurança de que não somos capazes?

Por mais paradoxal que possa ser, não nos permitimos aceitar as bênçãos divinas, por mais que as desejemos e imploremos por elas. Na maioria das vezes, nem sequer conseguimos reconhecê-las como tal. “É demais para mim!” ou “Tudo isso é tão grandioso que não posso suportar...” De tão acostumados que estamos à pequenez e à miséria humana, parecemos ter introjetado essa condição do viver como a única cabível e possível. A vida sob a égide da Graça se investe de uma dimensão tão avassaladora, e porque não dizer assustadora, que não abrimos espaço para a mesma em nossas vidas, desconectando-nos daquilo que poderia ser nossa maior fonte de realização.

O Prof. Hermógenes, em seu livro Saúde na Terceira Idade, observa que a mais libertadora e bem aventurada oração é aquela em que afirmamos nossa comunhão com Deus, tornando-nos comensais de sua divindade e eternidade, bem-aventurança e poder, tal como abaixo descrito:

A luz de Deus me envolve.
O poder de Deus me protege.
O amor de Deus me invade.
A presença de Deus cuida de mim.
Onde quer que eu esteja, ali Ele está.

(Salmo 23 de Davi)

Ainda mais transcendental é a afirmação do Cristo – “eu e o Pai somos um”.

É preciso apropriar-se do fato de que a comunhão com Deus e todas as benesses que advêm disso, é uma realidade possível e palpável. Atingido o estado de beatitude e graça, tudo se torna possível e podemos realizar maravilhas à nossa volta.

Já permanecer em estado de Graça é um desafio posterior, um esforço e uma meta a ser alcançada, pois a roda-viva do mundo em que vivemos constantemente nos impele a sair do centro e a aceder a um nível mais baixo de vibração. Assim, são muitos os impactos que sofremos em nosso dia a dia: problemas no trabalho, incidentes desagradáveis no trânsito, a constante pressão e o descompasso por viver com um salário quase sempre inferior às demandas da sociedade de consumo em que vivemos, pessoas que nos desejam o mal, que nos traem ou roubam e tantos outros...

Ainda o nosso mestre Hermógenes (2004) reiterou que “orar pelos que nos querem bem é belo, mas pelos que nos querem mal é lindíssimo. Um golpe mortal contra nosso verdadeiro inimigo - nosso ego pessoal, aquele que nos mantém isolados e diferentes do Ser Supremo, essência una e única de todos nós (p.290)”.

Assim agindo, permitimos que o milagre possa se plasmar e ao mesmo tempo se materializar com precisão e leveza em nossas vidas...

Que se cumpra!

Referências

Hermógenes: Saúde na Terceira Idade. 12ª. ed. Rio de Janeiro, Editora Nova Era, 2004.