Os Carpenters tinham como concorrentes bandas pop/rock dos anos 70 de sucesso quase exagerado, mas conseguiram tornar-se artistas muito populares. A voz expressiva de Karen acabou por ser um de seus grandes trunfos.

Nascidos em New Haven, Connecticut, Richard Lynn Carpenter (nascido em 1946) e Karen Anne Carpenter (em 1950) mudaram-se com seus pais para a Califórnia em 1963 e se estabeleceram em Los Angeles.

Interessado por música desde muito cedo, Richard se tornou um prodígio do piano. Karen só manifestou seus talentos musicais na adolescência. Karen, Richard e seu pai Harold Carpenter passavam horas no porão ouvindo música. Sua extensa coleção de discos incluia artistas como Les Paul e Mary Ford, Spike Jones, Patti Page e outras personalidades que vieram a influenciar o bom desenvolvimento da banda anos mais tarde. Karen confessa que algumas vezes, enquanto Richard ouvia músicas no porão, ela se encontrava jogando beisebol. Sempre foi muito ligada às atividades que envolviam esportes e dizia que queria ser uma artista comercial, uma enfermeira ou aeromoça.

Karen, notando que o talento crescente do irmão, começou a praticar flauta, mas logo desistiu. Até que ouviu a banda do colégio onde estudava tocar e pegou gosto pela bateria e finalmente pediu a seus pais um conjunto de tambores. "Felizmente, a bateria veio naturalmente", disse Karen em uma entrevista.

Foi na Universidade do Estado da Califórnia, em 1964, que Richard se tornou amigo de um tocador de tuba e contrabaixo chamado Wes Jacobs. Richard, Karen (com 17 anos na ocasião) e Wes Jacobs se juntaram e formaram o "Richard Carpenter Trio". Se apresentavam em casamentos e bailes, até que chegaram à final do concurso de talentos conhecido como "The Battle of the Bands", no Hollywood Bowl. Com a canção "Iced Tea" o trio foi ovacionado e logo em seguida abordado por um representante da RCA Records. Chegaram a assinar um contrato, que foi cancelado antes mesmo do lançamento comercial.

Em 1966 Karen começou a se dar conta de suas capacidades vocais. Assinou com o Magic Lamp Records (um selo pequeno e independente) e, na garagem de Joe Osborn, um baixista conhecido em Los Angeles, gravou os sucessos "Looking for Love", "I'll Be Yours", "The Parting of Our Ways", entre outros. A banda era composta por Karen na bateria, Richard no teclado e Joe no baixo. Foram lançadas apenas 500 cópias deste single. Uma delas foi parar na mão de Herb Alpert, chefe da A M Records. Ele gostou do que ouviu e, em 1969, lançou a banda "The Carpenters" para o mundo.

Mesmo dividindo o cenário musical com bandas e cantores como ABBA, Bee Gees, Van Halen, The Jackson 5, Queen, Pink Floyd, KC and the Sunshine Band, The Clash e Donna Summer os Carpenters conquistaram o seu espaço sem muito esforço.

O álbum de estreia dos Carpenters, intitulado de "Offering", foi lançado em 1969 e em pouco tempo já estava em primeiro lugar no top de vendas, com a canção "Close To You". Continuou liderando por quatro semanas consecutivas. "Close to You" se tornou um sucesso internacional, rendendo aos irmãos dois prêmios Grammy, entre eles o Prêmio de Melhor Artista Revelação de 1970. Depois disso, ninguém mais segurou a dupla, com toda a sua luz, melodias meticulosamente trabalhadas e arranjos limpos. Estavam novamente nas paradas de sucesso com os hits "Rainy Days and Mondays", "Superstar", "Hurting Each Other", "Goodbye to Love", "Yesterday Once More" e "Top of the World". Estavam de facto no topo.

Logo depois do lançamento do hit "Only Yesterday", em meados de 1975, a popularidade do grupo começou a declinar. A dupla foi atormentada por problemas pessoais. Richard tornou-se viciado em drogas prescritas e acabou sendo internado em uma clínica de reabilitação. Karen começou a sentir os sintomas de uma doença devastadora, que a acompanharia até o resto de sua vida: a anorexia nervosa.

Por volta de 1978, ambos ainda em tratamento, já não gravavam mais singles, nem sequer chegavam ao Top 40. Karen chegou a se aventurar em uma carreira a solo mas o disco nunca foi concluido, pois ela decidiu voltar à banda.

Em 1980, aos 30 anos, Karen chegou a se casar com Thomas James Burris, um corretor de imóveis de 39 anos, divorciado e pai de um garoto de 18. O casal se separou um ano depois, o que ajudou a agravar mais a saúde de Karen.

Em 1981 a dupla lançou seu último álbum, "Made in America". O hit "Touch Me When We're Dancing" chegou ao número 16 nas paradas, mas a doença de Karen a deixava cada vez mais debilitada, o que forçou a dupla a se manter fora dos holofotes novamente. Karen lutou com seu caso severo de anorexia nervosa até os últimos anos de sua vida. Seu corpo já não suportava mais o ritmo frenético de shows e gravações. Não se alimentava mais, fazia uso excessivo de diuréticos e tomava dezenas de comprimidos diariamente. A música "Now" foi a última canção gravada por Karen, em 1982, enquanto ela ainda estava em tratamento.

Naquela época, a anorexia nervosa era pouquíssimo conhecida. Karen dizia que após a recuperação pretendia tornar pública a sua luta contra a doença e assim ajudar outras pessoas que passavam pelo mesmo problema.

O tratamento ia bem e Karen começava a recuperar peso, mas a forma de ganho desse peso (intravenosa) veio a enfraquecer ainda mais o seu coração. Poucas semanas antes da morte de Karen, Richard tentou fazer sua irmã dar entrada em um hospital para tratar-se. "Ela não parecia bem… não havia mais brilho em seus olhos", disse ele.

No dia 4 de fevereiro de 1983, a mãe de Karen entrou em seu quarto e a encontrou caída no chão, nua e inconsciente. Karen tinha sofrido uma parada cardíaca e teve sua morte declarada no Hospital Memorial de Downey, aos 32 anos. Karen, vestida de rosa, foi posta em um caixão aberto. Entre os que foram ao seu funeral estavam suas melhores amigas, Olivia Newton-John e Dionne Warwick. Ela foi sepultado na cripta da família Carpenter em Forest Lawn.

Após a morte de Karen, Richard produziu vários álbuns de material inédito, várias coletâneas e também lançou um álbum a solo, "TIME", em 1987, que contou comparticipações de Dusty Springfield e Dionne Warwick.

A voz de Karen ainda é considerada por muitos como a melhor e mais expressiva na música popular americana. É elogiada por seu controle, senso de campo e nuances sutis. Para aqueles que gostam dos Carpenters e para os fãs incondicionais de Karen, suas músicas e sua voz continuam dando algum conforto.