Não pensei que quase aos 30 anos de idade ia escrever algo assim. Primeiramente, pois quando criança, pensamos mais em leite ou derivados — um danone com sucrilhos, no máximo um suco e refrigerante para fechar as festinhas. Hoje eu não troco meus momentos com o vinho por todo o leite com sucrilhos nesse mundo.

A verdade é que, junto a vida adulta, são servidas outras opções de harmonização, tanto para curtir as festas quanto para conversar na roda de amigas. Sim, a cerveja foi meu ingresso.

Como toda pessoa que eu conheço, não foi de primeira que gostei do seu sabor amargo. Achei que as pessoas realmente não tinham paladar — não vê que esse negócio é amargo, moço? Pois é, depois de umas dez, você aprende a apreciar, ainda mais em dias muito quentes: algo na sua mente fala: bora abrir uma cerveja?

Não demorou para eu conhecer o vinho. De fato, ele tem todo um potencial. Ora, deve ser muito chique beber vinho, há pessoas que levam anos para apreciar ou são especialistas na degustação.

Parece que, junto dessa bebida bordô, vem um pouquinho de Itália, países baixos, junto com o Chile e Argentina abraçados numa grande roda dançando com os pés ao espremer as uvas. Perdão se imaginei muito, mas é essa a imagem que me vem na cabeça: pessoas que colhem o fruto depois de certo tempo, separam as impurezas depois

Não vou falar para você que gostei logo de cara, seria uma mentira descarada. Mas eu comecei a notar diferenças, tanto substanciais quanto de frescas. Logo mais, bebia perguntando qual a nacionalidade do vinho, lia o rótulo para ler a uva que era e comecei a ter um apreço bem particular por rosés.

Hoje meio que me escondo quando falo que bebo vinho seco. É tipo uma paixão escondida, um amante que seus amigos discriminam: você bebe vinho seco? Meu Deus!

O volume do vinho também mudou. Antes, virava a garrafa para perder os sentidos e esquecer os problemas. Hoje, uma taça me basta muitas vezes. Morar sozinha proporciona momentos em que escrevemos ou vivenciamos coisas tão únicas, que celebrar com um vinho parece coisa legítima.

Bebo aos poucos, escrevo ou faço meu jantar, me dá uma sensação de liberdade — fechei meu dia com meu amigo. O dia foi difícil, o vinho acompanhou os babados no final.

A experiência fica ainda mais interessante com uma boa música — álbuns da Taylor Swift, aquela playlist nostálgica com músicas da adolescência, para trazer memórias que conversam com nossa realidade e momento.

Aqui apresento algumas dicas para quem começar a beber vinhos secos:

  • Não beba de barriga vazia. O objetivo é degustar, não se embriagar;
  • Água nunca faz mal. Faça intervalos com água para não subir rápido demais;
  • Traga harmonizações. Geralmente no rótulo da bebida traz algumas sugestões para acompanhar;
  • Invista em um vinho bom para começar. No Evino há recomendações dos próprios usuários que podem facilitar sua escolha;
  • Procure uma adega próxima. Adoro a adega da minha cidade, pois eles sabem quem pedem — eles sabem — e recomendam segundo seu gosto;
  • Seja movido pela curiosidade e experimente! Não deixe que a aparência ou rótulo estranho trave você;
  • Não beba rápido. Por experiência, vá devagar. Beber rápido pode trazer uma queimação indesejada depois na garganta;
  • Convide apreciadores de vinhos para partilhar este momento com você. Há algumas experiências que merecem ser vividas em comunidade, ainda mais com vinho.

Aconselho cultivar essa amizade quem gosta de ter momentos só primeiro. Com uma música, o vinho parece dançar. Vale a harmonização correta — seja um queijo, chocolate amargo ou um tempo de muita escuta. Como diz o Tim Maia: vale tudo.