Serão as redes sociais o grande impulsionador das tendências de consumo, das preferências de cada um, dos objetivos individuais ou do pensamento de grupo? Sabemos que, desde cedo, os meios de comunicação e, mais recentemente as redes sociais, influenciam a sociedade, formas de pensar, agir, o que ambicionar e até o que ser. Isto é certo e praticamente de conhecimento comum. Somos, sem nos apercebermos, conduzidos a pensar e a ser de determinada forma, assumindo essas mesmas noções como nossas, quando, muito provavelmente, foram implantadas no nosso subconsciente ao longo de longas e acumuladas horas de consumo de televisão, rádio, jornais, cinema ou conteúdo digital. Fazemos parte de uma sociedade focada em consumir conteúdo a uma velocidade nunca antes vista, uma sociedade sedenta de informação e novidade. É nesta sede de absorção de informação que somos "apanhados" numa teia aparentemente inofensiva de controlo dos nossos pensamentos, ideais, noções do mundo e desejos.

No entanto, é neste consumo diário de conteúdos que nos deparamos com mensagens subliminares capazes de influenciar através de imagens projetadas a uma velocidade maior do que aquela que o olho humano consegue captar ou simplesmente através de imagens ocultas que atingem o inconsciente. No subconsciente, a informação não é controlada, tal como acontece no nosso consciente, e isto influencia tanto ou mais as nossas decisões e pensamentos como o que retemos no nosso consciente. Há decisões que advém desta nossa parte do cérebro e nem nos apercebemos disso, apenas decidimos, queremos ou apoiamos.

É a partir daqui que chegamos também ao conceito de predictive programming, uma programação feita pelos media que consiste na preparação da sociedade para acontecimentos futuros ou mudanças. Sim, para o futuro! E isto é até assustador ou obscuro para quem nunca ouviu falar, mas acontece e está presente diariamente nos conteúdos que consumimos. Ou seja, as mensagens subliminares vão aterrar diretamente no nosso subconsciente e ser absorvidas pelo nosso cérebro, um órgão complexo e ainda muito inexplorado, que a irá rotular e continuar a catalogar à medida que essas informações forem chegando por meio do conteúdo consumido, até se tornarem familiares.

Assim, é também mais fácil de digerir quando o momento chegar, seja ele uma mudança social, política, mental ou até espiritual ou um acontecimento histórico que gera transformações significativas. Há, por exemplo, casos de predictive programming em diversas séries ou filmes bem conhecidos do público em geral como, por exemplo, na série televisiva "The Simpsons", algo que, inclusive, tem vindo a ser notado pelos espetadores ao longo dos anos. Exemplo disto é um episódio transmitido em 2000, em que Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), é eleito presidente deste país, no entanto, só chegou à presidência em 2017.

Esta mudança política conturbada ocorrida nos EUA foi, digamos que, preparada ao longo dos anos para se tornar mais facilmente aceite pelo público, utilizando uma das séries televisivas mais conhecidas em todo o mundo para lá chegar.

Deste modo, é já claro que a sociedade é facilmente manipulada por aquilo que é transmitido pelos meios de comunicação, nomeadamente nas redes sociais. Muitas vezes, esta influência chega ao utilizador através dos criadores de conteúdo que são pagos ou aliciados por produto para promover uma certa marca ou mesmo o próprio produto, conquistando público, seguidores e interação, e ao mesmo tempo, criando também empatia pela marca ou produto. No fundo, influenciando quem vê e segue, a comprar, a fazer ou simplesmente a querer. Uma nova forma de negócio que tem vindo a ganhar popularidade, acabando por se tornar mais aceite pelo utilizador, pois chega-lhe de alguém em quem confiam ou gostam.

Em suma, estamos constantemente a ser manipulados e influenciados a ser ou a fazer de tal forma, assim como a pensar e a aceitar, sendo a singularidade uma capacidade cada vez mais extraordinária e única num mundo em que as métricas de pensamento estão cada vez mais padronizadas e genéricas.

Dizem que somos aquilo que comemos, mas somos também os conteúdos que consumimos e absorvemos dia após dia.