Para um profissional da arquitetura, um grande reconhecimento de seu trabalho é receber um Prêmio Pritzker: uma premiação que acontece anualmente e é concedida a um arquiteto ou arquiteta que se destacou na profissão. Quem ganha um Pritzker é reconhecido por sua obra e seu trabalho, julgado por diversas qualidades e contribuições para a sociedade. Passaram 25 anos até que uma mulher fosse premiada com um prêmio Pritzker, e até o ano de 2023 apenas seis mulheres ganharam o prêmio e uma grande polêmica aconteceu quando a organização do Pritzker não incluiu a arquiteta Denise Scott Brown no ano que seu marido, e sócio de uma vida toda, ganhou o prêmio e ela não.

Uma das grandes mulheres reconhecidas pelo prêmio Pritzker e a primeira a recebê-lo foi a arquiteta Zaha Hadid, conhecida por sua arquitetura cheia de curvas e muito imponente que despertava grande admiração em toda a classe. Nascida em Bagdá, no Iraque, em 1950, Zaha foi radicada na Inglaterra. De uma família de classe média, pai rico e influente na política e mãe artista plástica, Zaha contou que suas viagens de infância às antigas cidades sumérias no sul do Iraque despertaram seu interesse pela arquitetura. Na sua juventude, frequentou internatos na Inglaterra e na Suíça. Fez primeiramente faculdade de matemática, e quando tinha 22 anos ingressou no curso de arquitetura na Architectural Association School of Architecture’s, em Londres. Na faculdade, foi aluna de dois grandes arquitetos: Rem Koolhaas e Elia Zenghelis (que a descreveu como uma de suas alunas mais brilhantes) e fez parceria com esses dois profissionais em alguns projetos, trabalhando com eles durante seus primeiros anos como profissional.

No ano de 1979, Zaha decidiu que estava preparada para seguir carreira solo e fundou o seu escritório, o Zaha Hadid Architects, e com pouco tempo de experiência, a arquiteta ganhou grande reconhecimento mundial quando venceu o concurso em Hong Kong para realizar o projeto do The Peak. Porém, esse projeto nunca teve a obra executada. Os projetos desenhados por Zaha Hadid eram fortemente questionados sobre sua viabilidade de construção e por isso, até 1994, o Corpo de Bombeiros de Vitra foi o único projeto com a obra executada da arquiteta. Além disso, Hadid também ganhou grande reputação por ter dado aulas em diversas faculdades como Universidade Harvard, Universidade de Cambridge, Universidade de Chicago, Universidade de Belas Artes de Hamburgo e na Universidade de Columbia. Muitos outros projetos ganharam notoriedade no mundo todo, como o Galaxy Soho (complexo comercial em Pequim), o Centro Heydar Aliyev, o Pavilhão da Ponte de Saragoça, o Phaeno Science Center, o Museu Riverside e tantos outros.

O estilo arquitetônico de Zaha Hadid é conhecido pelo seu design não linear, com referências do modernismo, desconstrutivista e com muitas curvas e formas inspiradas na natureza e muito futurista. Por muitas vezes, seus projetos monumentais tinham custos de execução muito elevados e isso causava polêmica. Assim como foi seu projeto para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, que foi estimado em 2 bilhões de dólares e o comitê olímpico decidiu fazer uma reengenharia de valores e executar algo de um desenho mais simplificado. Zaha Hadid realmente criou uma arquitetura inovadora, de vanguarda, nunca vista. É impossível não ficar um tempo tentando entender onde começa e termina seus projetos, imaginando a grandiosidade de suas obras construídas e o que acontece ao caminhar dentro dos seus edifícios por serem tão incríveis.

Em março de 2016, de forma repentina, a arquiteta Zaha Hadid faleceu de problemas do coração depois de ser internada. A classe da arquitetura lamentou muito essa perda e seu escritório seguiu ganhando prêmios, homenagens e reconhecimento póstumo por sua obra.