A ausência é já um conceito existente e discutido na arquitetura. Como arquitetos, procuramos constantemente uma possível conexão entre as ideias arquitetónicas de diferentes épocas e contextos. Tendo como ponto de partida o conceito de "Presença-Ausência" na arquitetura, levantam-se algumas questões tendo em conta esta contradição:

O que significa "Presença-Ausência"?

Ausência marca presença, bem como presença marca ausência. Percebemos a presença pela sua existência na ausência, e concebemos a ausência pela não existência da presença. Portanto, presença e ausência complementam-se.

O que significa "Presença-Ausência" na arquitetura?

Presença e ausência marcam a arquitetura. A presença forma ausência, e ausência informa-nos da presença. A forma contém espaço, ao mesmo tempo que mantém a sua existência no espaço. Em arquitetura, extraímos o que está presente (sólido e forma), e utilizamos o que está ausente (vazio e espaço). Juntos, formam uma unidade, uma realidade inseparável.

O que significa arquitetura para "Presença-Ausência"?

"Presença-Ausência" é o modo de representar a arquitetura. Além disso, ao longo da história a arquitetura é uma representação da presença do homem neste mundo ausente. Será a arquitetura atual uma arquitetura de ausência, que deixa de representar a continuidade histórica? E existe uma "Arquitetura do Presente", que marca a posição atual no continuum histórico? Caso houvesse, deveríamos, e como poderíamos, reapresentar o que está ausente na arquitetura atual, e simultaneamente representar a "Arquitetura do Presente"?

A mudança tecnológica trouxe a questão da invisibilidade para a dialética presença / ausência.

Eu não faço barulho, não tenho cheiro. Então o que diz que eu estou lá?

(Archigram, 1968)

Os Archigram colocaram esta questão sobre a instalação do grupo para a XIV Trienal de Milão, em 1968. O que os Archigram assumiram como a interação entre hardware e software, e o desafio que este último exigia ao primeiro, que no fundo representava o ponto de vista da arquitetura, pode ser claramente relacionado com os principais temas tecnológicos do período pós-guerra. A transição de suportes materiais tangíveis para processos e sistemas invisíveis pode ser associado à transformação do próprio caráter da tecnologia ao longo do século XX. Uma das características-chave desta transformação é o fato de que a tecnologia parece não estar mais identificada apenas com artefactos técnicos ou objetos concretos e tornou-se cada vez mais identificada com sistemas e processos de controle cuja natureza é potencialmente abstrata e ubíqua.

Uma história não determinística da tecnologia enfatizou essa transformação, descrevendo a tecnologia não como um fator autónomo de mudança histórica, mas como parte da complexa cultura humana. A arquitetura poderia finalmente ser invisível. O trabalho desenvolvido pelos Archigram expôs os efeitos desafiadores da ciência e das tecnologias do pós-guerra na arquitetura. A tecnologia sempre foi uma ferramenta para a arquitetura. Poderia estar agora no lugar da arquitetura, tornando-a supérflua?