A Galeria Vermelho apresenta, de 15 de julho a 09 de agosto de 2014, a 10ª edição da mostra de performance arte Verbo.

Criada em 2005 pela Vermelho, a mostra Verbo completa dez edições e conta com ações de artistas brasileiros e estrangeiros (relação completa abaixo).

Para discutir questões relacionadas às práticas de documentação e registro de ações e de performances, por meio de fotos, vídeos, partituras e proposições, sua autonomia no tempo e o seu status e relevância no sistema da arte atual, o programa da 10ª edição da Verbo conta também com uma exposição de fotos e vídeos, além da 3ª edição do seminário “Verbo Conjugado”. Mediadas pelo diretor artístico da mostra, Marcos Gallon, as quatro mesas que integram o seminário foram elaboradas a partir de temas relacionados ao registro e a documentação de performances e ações. Para discutir questões relacionadas com “O Corpo e sua Imagem”, foi convidada a coreógrafa e professora universitária Juliana Moraes (Brasil), o fotógrafo e performer Manuel Vason (Itália-Inglaterra), e a performer Ana Montenegro (Brasil). A curadora e diretora do Videobrasil Solange Farkas, a curadora francesa Agnès Violeau responsável pela curadoria da exposição “Des Choses em Moins, des Choses en Plus – Les Collections Imaterielles du CNAP”, apresentada recentemente no Palais de Tokyo (Paris), e o artista Maurício Ianês discutirão “Curadoria e Performance”. “Onde está a obra de arte? Onde está o artista?” é o tema da terceira mesa que conta com a participação da galerista Jaqueline Martins e do artista e professor universitário Mario Ramiro. A curadora brasileira radicada em Copenhagen Julia Rodrigues, e a artista Ana Montenegro apresentarão “Event Scores - sobre Proposições e Partituras”. Segue abaixo programação completa da mostra. Programação completa da mostra em anexo.

As Performances

A performances que integram a 10ª edição da Verbo foram selecionadas com o objetivo de apresentar ao público um panorama acerca das questões e dos procedimentos que integram o léxico dos artistas que se dedicam à performance na atualidade.

A crítica institucional instalada no cerne da performance aparece em “Projeto para Inhotim” (2014), de Dora Longo Bahia, em “Las Posiciones” do duo Los Torreznos, em “Círculos Concêntricos” (2013) de Enrique Ježik, e em “I can’t hear you” (2014), de Lot Meijers.

A introdução no campo da performance de ferramentas tecnológicas como programas de computador e aparatos que ampliam os limites do corpo aparece em “A representação pornográfica do artista em seu atelier” (2014), de Guilherme Peters, e em “Metáfora” (2014), de Manuel Vason.

A pesquisa sobre as possibilidades e limites da linguagem surge em “The Writer” (2014), de Maurício Ianês, e em “Modelo Vivo” (2014), de Fabio Morais. Processos colaborativos que tomam emprestado partituras e elementos sonoros aparecem em “Antífona para Lira e Serrote” (2014), de Ana Montenegro e Wilson Sukorsky, no concerto proposto pelo “Cão”, composto por Dora Longo Bahia, Ricardo Carioba, Maurício Ianês e Bruno Palazzo, em “Later will be too late” (2014), de Nina Glockner, e em “Objects of Desire” (2014), de Nina Wijnmaalen. O corpo do artista como catalizador de energias, expectativas e ambições surge em “AL13FB<3” de Fernando Belfiore.

Questões associadas à construção da identidade surgem em “The dog needs to eat”, de Olivia Reschofsky, e em “Temporal Affairs #2”, de Rose Akras em parceira com os holandeses Dirk Jan Jager e Rob Visser.

A exposição / o Seminário

Ao registrar ações e performances, a fotografia e o vídeo tornam perenes projetos transitórios e ocupam o lugar intermediário entre a obra e sua documentação, interrogando, assim, o papel das instituições e suas práticas, ao embaralharem categorias como obra e documento.

As obras apresentadas na exposição que acompanha a Verbo 2014 foram criadas para câmeras de foto ou de vídeo como objetos autônomos, tangíveis no espaço e no tempo. Trata-se de registros de algo já ocorrido que, em sua efemeridade, permanecem como testemunho de processos realizados por artistas na intimidade do ateliê ou em espaços públicos.

Nas fotografias e filmes de ações e performances, a obra de arte se mistura com sua documentação. A prova da ação do artista é o olho da câmera que registrou uma existência temporária. No caso da performance, isto significa que a intervenção direta do artista no ambiente supõe o testemunho da imagem que, quando analisada a partir das dinâmicas que permeiam o sistema da arte, desafia o fetichismo do objeto, afeito às expectativas do mercado e à ideia aceita e naturalizada do que seja a obra de arte.

Como obra do instante, a performance adquire permanência no tempo por meio da documentação fotográfica, pelos vídeos e pelos filmes que perenizam o gesto fugaz do artista. Estes trabalhos não se definem por meio de noções rígidas, mas dentro de uma concepção mais alargada de obra de arte e supõem uma revisão de critérios de sua institucionalização. Dá-se ai a determinante virada do objeto para o evento que torna as poéticas processuais e conceituais seminais para a arte contemporânea.

O seminário “Verbo Conjugado” passou a integrar a programação da Verbo em 2008. Seu objetivo é estabelecer um campo de discussão acerca de questões atuais no campo da performance e gerar, por meio da transcrição em publicações desses encontros, textos de reflexão que buscam diminuir a ausência no Brasil de bibliografia sobre o tema.

A importância adquirida por registros de gestos de artistas em fotografias e nos mais diferentes meios tecnológicos representa, nos dias de hoje, um paradigma no sistema da arte. Para discutir tais questões, o seminário “Verbo Conjugado” contará com quatro encontros que ocorrerão sempre as quinta-feira, nos dias 17, 24 e 31 de julho, e 07 de agosto, a partir das 20h, na sala 1 da Vermelho.

Verbo 2014 Mostra de Performance Arte (10ª Edição)
Artistas: Rose Akras (Brasil-Holanda), Keila Alaver (Brasil), Jonathas de Andrade (Brasil) , Iván Argote (Colômbia), Dora Longo Bahia (Brasil), Marcio Banfi (Brasil), Lenora de Barros (Brasil), Rodrigo Braga (Brasil), Fernando Belfiore (Brasil-Holanda), Cris Bierrenbach (Brasil), Cão (Brasil), Henrique Cesar (Brasil), Lia Chaia (Brasil), Edouard Fraipont (Brasil), Nina Glockner (Holanda), Maurício Ianês (Brasil), Clara Ianni (Brasil), Dirk Jan Jager (Holanda), Enrique Ježik (Argentina-México), Maija Karhunen (Finlândia), Amal Kenawy (Egito), Cristiano Lenhardt (Brasil), Cinthia Marcelle (Brasil), Jean Meeran (África do Sul), Lot Meijers (Holanda), Ana Montenegro e Wilson Sukorski (Brasil), Fabio Morais (Brasil), Gisela Motta e Leandro Lima (Brasil), Hugo Nadeau (Quebec-Canadá), Guilherme Peters (Brasil), Alice Pons (França), Rosângela Rennó (Brasil), Olivia Reschofsky (Hungria), Nicolás Robbio (Argentina-Brasil), Marco Paulo Rolla (Brasil), Julian Rosefeldt (Alemanha), LOS TORREZNOS (Espanha), Manuel Vason (Itália-Inglaterra), Rob Visser (Holanda), Nina Wijnmaalen (Alemanha) e Carla Zaccagnini (Argentina-Brasil).