A obra do artista colombiano radicado em Paris, Iván Argote (30), aborda a forma como o homem se relaciona com a infinidade de mudanças que ocorrem diariamente nos âmbitos histórico, econômico, político e moral. Seu objetivo é questionar o papel da subjetividade na revisão desses conceitos. Criando intervenções e performances para o espaço público, que eventualmente podem se desdobrar no formato de vídeos e fotos, Argote explora, por meio desses procedimentos, a cidade como o espaço de transformação.

Em 2013, Argote deu inicio ao projeto The Messengers, filme realizado em colaboração com os ativistas americanos Blaine O’Neal e Gabriela Van Auken. Com imagens captadas em pequenos vilarejos na Colômbia e na Espanha, The Messengers se constitui como uma plataforma de discussão que emprega textos, imagens, música eletrônica e folclórica, para discutir questões ligadas ao colonialismo, revelando em síntese o conteúdo conceitual da individual na Vermelho.

Na fachada da Vermelho, Argote escreve a frase Let’s Write a History of Hopes (2014), cujo significado conjuga também várias das ideias que permeiam a individual. Diferente de projetos anteriores apresentados sobre essa tela de 8 x 15mts, que guarda conceitos e ideias de outros artistas, Let’s Write a History of Hopes faz o caminho contrário. A ideia não é a de acúmulo mas de subtração, já que para inscrever essa frase, Argote retira camadas de reboque revelando os vestígios de projetos anteriores.

Esse procedimento com características arqueológicas empregado por Argote para investigar a história a partir de seus ícones, representações, imagens e etc., ressurge no conjunto formado por quatro esculturas da série Excerpts (2014). Nela, frases como “Dancing is the only way I can forget” e “We are happy with our problems, and tired of your solutions” são escritas sobre vestígios de campanhas políticas e publicitárias.

Estratégia semelhante aparece também na animação em 3D Blind Kittens e no vídeo Barcelona, ambos de 2014. Na primeira, o artista emprega imagens de esculturas que integram monumentos que representam o poder. Na obra, Argote apresenta leões cegos brincando com uma bolinhas como gatos inofensivos. Já em Barcelona (2014), performance criada em 2013 para uma câmera de vídeo, Argote realiza um ritual em parceria com uma escultura do século 18, que representa um indígena e que ocupa uma praça na cidade de Barcelona.

Fingers Crossed Destiny (2014) reproduz imagens de fragmentos de cópias de esculturas clássicas adquiridas por Argote na China. Sobre elas, entretanto, o artista insere textos criados por ele que revelam não apenas seus questionamentos sócio-políticos mas também artísticos.

Here Eating Dirt Mom... (2014), instalação composta por mais de 1500 tijolos de argila confeccionados por Argote no Brasil, perpassa todo o trajeto do piso térreo da exposição. Cada tijolo foi criado manualmente por Argote e conta com uma mordida do artista. A obra reafirma a frase inscrita na fachada da Vermelho, utilizando a simbologia do tijolo como elemento essencial na construção e principalmente na reconstrução da história permeada pela esperança.

Iván Argote – Exposições Individuais (seleção) “Strenghthlessness”, Galerie Perrotin, Paris, França; Activissime!, Espai 2 – Barcelona, Espanha – (2014); “Munich Time Capsule 2013-2113, A Space Calle Public”, Munique, Alemanha - (2013); “La Estrategia”, Palais de Tokyo (Modules), Paris , França, “Sin heroísmos, por favor”, Centro de Arte Dos de Mayo, Madri, Espanha - (2012); “We are”, Nurture Art, New York, EUA (2011); “Lots of Love” , Störk Gallery, Rouen, França - (2010). Exposições coletivas (seleção) “Buildering: Misbehaving the City", Blaffer Art Museum, Houston, EUA, “Addenda", Notre Dame à la Rose Museum with B.P.S.22, Lessines, Bélgica, “Utopian Days - Freedom", Total Museum, Seoul, Coréia, "All about these... Ladies and Gentleman”, National Gallery of Arts, Tirana, República da Albânia, “Misbehaving the City", Blaffer Art Museum, Houston, USA, “A Part in the Story where a Part becomes Part of something Else”, Witte the With, Roterdã, Holanda, “Inéditos 2014 - Be virus, my friend”, Casa Encendida, Madri, Espanha - (2014); “Artesur, Collective Fictions”, Palais de Tokyo, Paris, France, “Small Gestures”, UM, Eindoven, Holanda - (2013); “XXX Bienal de São Paulo: A Iminência das Poéticas”, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo, Brasil, “Los irrespetuosos”, Museo Carillo Gil, Mexico DF, Mexico (2012); “Vista”, Socrates Sculpture Park, New York, EUA, “Biennale de Mulhouse”, Mulhouse, França, “Biennale Madrid Abierto”, Art Biennale, Madri, Espanha - (2010).