Temos o prazer de apresentar Uma coisa linda, a nova exposiçăo de Efrain Almeida no Galpăo Fortes Vilaça. Pela primeira vez o artista usa o bronze, ao invés da madeira, como materia-prima de suas obras. Compőem a exposiçăo esculturas e aquarelas inéditas, além de uma grande instalaçăo que dá título a mostra.

Efrain retorna com frequęncia ao sertăo do Ceará, onde nasceu e passou a infância. Certa vez, testemunhou o pouso de um enorme bando de galos-de-campina, passarinhos típicos da regiăo, no quintal da casa dos pais. O artista lembra que os pássaros "pousam apenas onde se sentem seguros", o que amplia ainda mais a beleza dessa cena, evocada na instalaçăo Uma coisa linda. Ocupando todo o piso do espaço expositivo do Galpăo, cem esculturas de bronze policromado formam uma massa vultuosa de vermelho, preto e branco; um olhar mais aproximado, porém, possibilita descobrir a singularidade de cada peça.

Neste novo corpo de trabalho, o artista usa as peças esculpidas na madeira como moldes para a fundiçăo em bronze. A técnica lhe permite trabalhar com entalhes ainda mais precisos e ao mesmo tempo preserva o aspecto frágil que caracteriza sua obra. Essa aparente fragilidade, no entanto, năo corresponde ŕ força intrínseca do trabalho de Efrain, que se expande para além da escala diminuta das figuras, apropriando-se do espaço que as circunda. De maneira semelhante opera a inédita Beija-flores (tesoura), em que duas esculturas săo fixadas em uma grande parede, contrastando pequenez e amplidăo. Penduradas pelo bico, as peças cristalizam o instante do beijo e o abre-e-fecha típico da cauda dessa espécie de beija-flor; a parede sustenta as esculturas, mas em certo sentido também é sustentada por elas.

No díptico de aquarelas Duas cabeças (autorretrato), em que o artista trata da memória, a reconstruçăo da própria imagem é delineada por aspectos subjetivos. Isso ocorre em toda a obra de Efrain que, apesar de recorrer com constância ŕ observaçăo da natureza, năo procura ser um retrato do que encontra, mas sim a proclamaçăo desse encontro - como observa Marcelo Campos no texto curatorial da mostra. Sua obra se refere ao que imana da matéria e por isso torna-se monumental.

Efrain Almeida nasceu em Boa Viagem, Ceará, em 1964, e atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Entre as diversas exposiçőes do seu currículo, destaca-se Marcas - mostra retrospectiva sobre seu trabalho realizada em 2007 na Estaçăo Pinacoteca, em Săo Paulo - e sua participaçăo na Bienal de Săo Paulo de 2010. Sua obra está presente em diversas coleçőes públicas e privadas do Brasil e do mundo, entre as quais: MoMA - The Museum of Modern Art (Nova York, EUA), MAM - Museu de Arte Moderna de Săo Paulo (Săo Paulo, Brasil), CGAC - Centro Galego de Arte Contemporânea (Santiago de Compostela, Espanha) e Toyota Municipal Museum of Art (Toyota, Japăo).