Desde o final da década de 1960, Eugenio Espinoza tem constantemente desafiado, explorado e abraçado convenções históricas da arte em sua prodigiosa produção de instalações, fotografias, pinturas, desenhos e esculturas. Sua prática evidencia uma exploração conceitual profunda e rigorosa das tradições modernistas (Minimalismo, Arte Povera, Abstração Geométrica) e uma reformulação conceitual e física igualmente persistente e poderosa de sua própria obra.

Espinoza é mais conhecido por suas manipulações monocromáticas, minimalistas e não-figurativas, de uma grelha quadriculada. Produzindo obras como uma reação às tendências dominantes da abstração geométrica e da arte cinética na Venezuela.

Sua série de Impenetráveis são consideradas as peças mais relevantes de Espinoza e um das poucas obras inovadoras do avant-garde internacional nos últimos 35 anos. Uma verdadeira síntese criativa que reformula a geometria estruturalista de Gego, os Penetráveis de Soto e Oiticica, e o Earth Room de Walter de Maria, numa contribuição própria e memorável de Espinoza para a história da pintura.

O primeiro Impenetrável, realizado em 1972, era uma pintura de uma grelha preta sobre lona crua. A pintura tinha o mesmo tamanho que a sala. Foi exibida na horizontal, ao nível dos joelhos, impedindo os espectadores de entrarem no espaço. Enquanto convidava a uma consideração do seu contexto imediato da apresentação, o Impenetrável, se lido metaforicamente, também abordava a política de um continente onde as ideias de distribuição equitativa da riqueza ou da justiça social, certamente, encontravam os seus caminhos bloqueados. Como foi imediatamente reconhecido pelos críticos, a peça canalizava em si os princípios mais progressistas da abstração geométrica latino-americana.

Para a sua primeira exposição individual na Galeria Leme, o artista apresenta dois corpos distintos de obras nunca antes vistas. Um deles ligado às investigações posteriores ao seu primeiro Impenetrável, e o outro, relacionado com o teste e desenvolvimento de seu processo criativo. Depois de seu Impenetrável inicial, Espinoza tornou-se mais ousado e começou a experimentar com a sua pintura além dos métodos de exibição convencionais e fora dos espaços expositivos, formulando uma crítica institucional com base na experiência espacial do espectador.

O primeiro corpo de obras expostas na Galeria Leme, é composto por um grupo de fotos, tiradas pelo próprio Espinoza, durante sua mostra na Conkright Gallery em 1973. Nesta exposição, rolos de tecido com uma grelha preta impressa sobre eles (com a mesma dimensões da usada nos Impenetráveis) estavam acessíveis ao público que era convidado a cortar pedaços dele e usá-los como quisesse. Os visitantes utilizaram tanto o interior da galeria, assim como a rua como palco de suas próprias "performances", enquanto o artista os fotografava.

Uma seleção destas fotos foi mostrada pela primeira vez em Miami, em 2006 no CIFO e outra pequena seleção dessas mesmas fotos foi mostrada na INOVA, Milwaukee 2007. Algumas destas fotos estão em exposição no Perez Art Museum, Miami, EUA, parte da exposição Eugenio Espinoza: Unruly Supports (1970 – 1980).

O segundo corpo de trabalho é composto por um grupo de colagens feitas em 2003.

Usando meios simples o artista constrói um sistema baseado em possibilidades, de forma a testar e avançar com o seu trabalho, evitando ficar preso em ideias preconcebidas e caminhos seguros.

Em algumas dessas colagens, Eugenio usa fotocópias de imagens tiradas do catálogo de sua primeira exposição no Museo de Bellas Artes, em Caracas, em 1972. Usando as imagens das pinturas, com suas formas geométricas, como pano de fundo sobre o qual ele intervém, introduzindo novos planos de formas quase orgânicas.

O artista não se coíbe de misturar meios, de forma a ampliar o campo de possíveis resultados. Em alguns casos cola lona com gesso branco, misturando-a com o papel branco da fotocópia. Em outros, usa lona crua, assim como em 1972. Em duas dessas obras, ele se apropria da imagem da Reina Maria Lionza, a grande deusa da religião popular da Venezuela, fotocopiando um cartão postal e, em seguida, pintando uma grelha negra em cima da figura religiosa.

Para esta exposição individual, Eugenio apresenta dois momentos cruciais de sua pesquisa artística. Este pequeno excerto de sua extensa obra não traz apenas uma conhecimento fundamental sobre o processo criativo de um dos artistas latino-americanos mais importantes, mas talvez pode também ser entendido como uma sugestão do que poderá estar vindo da sua, ainda pungente, produção artística.

Eugenio Espinoza nasceu em 1950 em San Juan de los Morros, Venezuela. Vive e trabalha em Archer, Flórida, EUA.

Ele já expôs nos Estados Unidos e internacionalmente em museus e galerias. Seu trabalho está nas coleções permanentes do Tate Modern, em Londres, Reino Unido; Museu de Belas Artes de Houston, EUA; Perez Art Museum Miami, Miami, EUA; Museu de Arte Latino-Americana, Long Beach, EUA; Museo de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Museo de Bellas Artes, Caracas, Venezuela; Galeria de Arte Nacional, Caracas, Venezuela; Museo de Arte Contemporaneo, Caracas, Venezuela; Museo de Arte Contemporáneo de Bogotá, na Colômbia; A Coleção Cisneros, New York, EUA e Fundação de Arte Cisneros Fontanals, Miami, EUA, entre outros.

Ele também recebeu o Pollack-Krasner Foundation Grant em 2011.