Teodoro Dias (Poços de Caldas, 1954), apesar de apresentar agora e tardiamente a sua primeira individual, vem produzindo, desde 1999,seu universo artístico com obstinação. Segundo o curador da exposição,Rodrigo Naves, são objetos modestos, nos quais as possibilidades cotidianas se sobressaem. Daí o interesse da Galeria Estação o acolher em seu espaço, dedicado a artistas que fazem arte com a vida ao redor.

De acordo com Naves, durante todos esses anos Teodoro buscou aprimorar o seu trabalho e não estava disposto a alcançar o reconhecimento a qualquer preço. Participou de algumas coletivas e aguardou que sua obra estivesse madura e autônoma o suficiente para trazer uma experiência nova ao público.

As40 peças, entre gravuras em metal, óleos sobre tela e papel, painéis, além de objetos tridimensionais, mostram a variedade de técnicas usadas pelo artista. “Embora Teodoro Dias tenha de fato uma habilidade manual notável, acredito que o que está em jogo nisso é um esforço para demonstrar as inúmeras possibilidades de procedimentos aparentemente simples, de par com uma extrema capacidade de extrair de cada meio resultados que não os violentem”, ressalta o curador.

Apesar do forte uso das cores, sua obra parte de uma ordenação simples muito similar ao minimalismo, ao mesmo tempo em que as construções tridimensionais se aproximam da produção contemporânea, pois quando manipuladas criam novas propostas que vão além das decisões do artista. No entanto,mesmo não sendo um autodidata e regido por diversas influências artísticas, para Rodrigo Naves o contexto popular na produção de Teodoro é evidente. "Há nessas formas simples, aparentemente despretensiosas, uma singeleza que igualmente as aproxima dos riscos triviais que fazemos ao anotar com traços os pontos feitos num jogo de cartas ou, mais cruelmente, os dias passados numa cela de prisão ou ainda os grafites feitos com algum instrumento pontiagudo nas paredes das cidades.”

A combinação de formas simples e práticas populares – artísticas ou não – são traços marcantes na obra de Teodoro Dias. “Teodoro decidiu criar sua diversidade a partir de uma profunda familiaridade com as várias técnicas artísticas, extraindo delas o máximo que podiam dar, mantidas as exigências de simplicidade que o norteiam".