Depois de Pintura-objeto, exposição realizada em 2014, onde Cassio Michalany explorou a tridimensionalidade ao realizar suas pinturas em caixas, o artista retorna à Galeria Raquel Arnaud com sua mais recente produção. Em Composições Relacionadas, Michalany apresenta 12 trabalhos inéditos especialmente planejados para a sala principal da galeria. As pinturas variam no suporte – tela e madeira –, formatos e cor. São cinco telas grandes, seis conjuntos de pinturas sobre madeira (cinco múltiplos de 4, sendo um preto e branco e três coloridos e um múltiplo de 12 colorido), além de um conjunto de seis desenho.

Na presente série o pintor retoma sua produção de composições cromáticas sutis, trabalhando com tons sóbrios de azul, verde, vermelho, mostarda, sempre explorando a justaposição e o diálogo de planos coloridos homogêneos, principais marcas de sua obra. Para os seus conjuntos, o artista costuma estabelecer um padrão e a partir dele define as diferenças. Como resultado, surge um conjunto de perspicazes alternâncias. Cores que são sóbrias se apresentadas sozinhas, quando combinadas, entram em um jogo de determinações mútuas. E são essas variações sobre uma estrutura repetitiva que trazem sentido às pinturas de Cassio Michalany.

Para o colecionador José Olympio Pereira, que assina o texto de apresentação da exposição, o trabalho do artista reflete a sua personalidade – “discreto, introspectivo, silencioso, solitário. É fácil passar despercebido – ele não grita nem chama a atenção do espectador. O trabalho está apenas lá. Esperando que alguém menos apressado e mais curioso pare em frente dele e olhe com atenção”. Já o crítico Rodrigo Naves aponta como Michalany busca no seu método de trabalho a sua força poética: “Talvez já tenha passado o tempo em que as obras de Cassio Michalany poderiam ser mais bem compreendidas. O que faz com que ele se detenha tão longamente sobre um mesmo “esquema” é justamente a tentativa de reverter a serialização que comanda nossos dias. Seus trabalhos carregam uma petição de sutilezas: ver os dias diferentes uns dos outros, as horas, as feições, as relações, as extensões, e assim sucessivamente. E parece que nos restou apenas o “sucessivamente” – sequencia sem densidade nem tempo, numérica, aponta.