A Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro apresenta Handmade, exposição de Vik Muniz, cuja primeira versão foi apresentada em 2016 na sede paulistana da Galeria. No entanto, na versão de 2017 a série Handmade reúne obras inéditas nas quais Vik renova caminhos e procedimentos presentes em sua produção, ao investigar a fronteira entre realidade e representação, entre o objeto original e sua cópia. Sem recurso narrativo, as obras revelam explicitamente o processo do trabalho, ao mesmo tempo em que brinca com as certezas do espectador.

Segundo o artista, o que você espera ser uma foto não é, e o que você espera que seja um objeto é uma imagem fotográfica. "Em uma época em que tudo é reprodutível, a diferença entre a obra e a imagem da obra quase não existe", diz. Em seu texto sobre a série, Luisa Duarte aponta a dificuldade de se distinguir onde termina a cópia e onde começa a intervenção manual do artista. "É nesse limbo das certezas que o artista deseja nos inserir". E conclui "Handmade traça a constante preocupação do artista em transcender as dimensões simbólicas da imagem".

Além da paradoxal relação entre imagem e objeto e do recorrente uso de estratégias ilusionistas - "A ilusão é um requisito fundamental de todo tipo de linguagem", diz -, esses trabalhos flertam com a arte conceitual e estabelecem um intenso diálogo com a arte abstrata, cinética e concreta. Sobretudo, segundo Vik, pelo interesse comum em relação às teorias da Gestalt, mais especificamente nos campos da psicologia e da ciência.