Baró apresenta coletiva “Daqui a Pouco” no container com Alice Lara, Henrique Detomi, Pedro Gandra e Ricardo Alves.

A galeria Baró apresenta, a partir do dia 04 de agosto de 2018, a exposição coletiva “Daqui a pouco”, proposta curatorial de Ana Roman e Thierry Freitas que ocupa o Container, espaço destinado a apresentar produções experimentais e, também, aquelas realizadas por artistas jovens e emergentes. Participam da mostra os pintores e a pintora Alice Lara, Henrique Detomi, Pedro Gandra e Ricardo Alves . Construída como um exercício curatorial de diálogo com as diferentes poéticas dos quatro jovens artistas, a mostra estrutura-se a partir de uma ideia de porvir e da iminência dos possíveis acontecimentos presentes nas narrativas dos trabalhos selecionados.

Esses trabalhos contém, em si mesmos, o momento do clímax em uma narrativa. Há situações decisivas, algo que, segundo os curadores, remete ao conceito krisis grego “em que o porvir não pode ser medido ou enunciado”. Há, também, relações com a paisagem e o tempo que ficam explicitadas diante das escolhas curatoriais e expográficas que colocam o espectador diante de frames paralisados, cujo movimento foi eternizados pela pintura.

A poética de Ricardo Alves, por exemplo, realiza-se nessa operação: congelar o movimento. Nos trabalhos Sem título (2018), Jato de linhas vermelhas (2018) e o Jabuti (2017), o movimento presente em cada um elementos composicionais destes trabalhos passa a existir, a partir das pinturas, em uma longa duração. O mesmo pode-se dizer acerca do trabalho de Pedro Gandra: em uma atmosfera irreal criada pela paleta de cores, o momento anterior e aquele imediatamente posterior ao representado pelo artista suscitam múltiplas vozes e narrativas, como em Bastardo em chamas (2018).

Nas paisagens de Henrique Detomi, a opacidade e artificialidade do relevo são responsáveis por certa planaridade na paisagem – apesar da grossa camada de tinta e de sua tridimensionalidade. A memória é levada a cenários de antigos filmes de ficção científica, em que tal superfície poderia ser encontrada até em outro planeta. Nesse quase-cenário, qualquer forma de vida e acontecimento seria passível de se realizar.

Por fim, Alice Lara apresenta pinturas de uma de suas mais recentes séries, Resistências. Nela, os animais são agentes de potencial transformação do instante captado pela artista. Aparentemente pacatos, os bichos pintados por Lara surgem a partir de situações reais em que os animais precisaram manter-se unidos para conseguir sobreviver. Sua aglomeração, no entanto, sugere um clima de vingança e tensão, prestes a mudar todo o cenário de calmaria.