A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar Um cão com uma cauda notável, a nova exposição do duo português João Maria Gusmão & Pedro Paiva no Galpão (Barra Funda). A mostra é composta por uma sala com seis projeções de slides, além de um grupo com quinze esculturas em bronze patinado. Nas obras, os artistas examinam nossa relação com a realidade para subvertê-la com humor e sensibilidade, conferindo às coisas triviais uma aura enigmática.

Instaladas em uma sala escura, as seis projeções exploram a linguagem do filme – ou, mais especificamente, do proto-cinema – através de um complexo sistema de projetores alterados, filtros e mecanismos em sincronia. As imagens são formadas com diferentes camadas e projetadas em um processo similar à lanterna mágica, aparelho inventado no século XVII. Padrões simples e coloridos formam imagens cinéticas: uma torneira abrindo e fechando, a neve caindo, a silhueta de um camelo passando na frente das pirâmides. Episódios banais ganham contornos fantasiosos, como em um truque de ilusionista.

No grupo de esculturas, a dupla também utiliza bases esquemáticas simplificadas para criar as figuras. Eles optam por modelar não as peças em si, mas seus moldes – um recurso que abre possibilidades ao acaso e os afasta de qualquer apreensão de estilo. A lógica dos trabalhos está intimamente relacionada ao desenho feito despretensiosamente, em uma ação quase distraída, como acontece em Duas marteladas ou em Escultura grávida. Outras obras apresentam-se como droodles em três dimensões que propõem enigmas com associações inusitadas entre a peça e seu título: uma forma ovoide sobre um plano é um Dromedário debaixo de água, enquanto um relevo quadrado com padrões circulares é Canto de queijo.

João Maria Gusmão (Lisboa, 1979) e Pedro Paiva (Lisboa, 1977) colaboram desde 2001 criando filmes, esculturas, fotografias, instalações e publicações. Suas individuais recentes incluem: Lua Cão (com Alexandre Estrela), Kunstverein München (Munique, 2018); The Sleeping Eskimo, Aargauer Kunsthaus (Aarau, Suíça, 2016); Papagaio, mostra itinerante que passou por Hangar Bicocca (Milão, 2014), Camden Arts Center (Londres, 2015) e KW Institute for Contemporary Art (Berlim, 2015); The Missing Hippopotamus, Kölnischer Kunstverein (Colônia, 2015). Dentre as coletivas, destacam-se as participações nas Bienais de Veneza (2013, 2009), de Gwangju (Coreia do Sul, 2010) e de São Paulo (2006).