A exposição "Saudade", com curadoria de Yuko Hasegawa e apresentação no Museu Coleção Berardo, é uma coprodução com a Fundação Fosun que reúne 16 artistas da China e de Portugal. O denominador comum das obras é uma reflexão sobre os conceitos de diversidade, festividade e ambiguidade, bem como a íntima relação destes com o sentimento da saudade — título da exposição, que significa o sofrimento causado pela distância ou pela ausência de algo ou alguém.

Ao apresentar em conjunto obras dos acervos culturais dos dois países, esta exposição trará seguramente uma nova dinâmica à relação sino-portuguesa — permitindo compreender quem somos, onde estamos e aonde iremos.

"«Saudade», palavra portuguesa intraduzível, transmite o desejo de um momento passado que pode ser permanentemente inatingível. Em vários sentidos, esta palavra fala da nossa situação atual — na qual, devido ao desespero esmagador causado pela incerteza do presente e do futuro, o doce passado parece tão acolhedor.

No âmbito da globalização, que se consubstancia no comércio internacional e no intercâmbio cultural, estamos constantemente em busca de uma ligação com os outros e de algum grau de identificação com os ideais e as esperanças do passado e do futuro. No entanto, a situação ambígua e instável que vivemos torna particularmente complicado compreender por inteiro seja o que for. No pano de fundo do multiculturalismo, no qual a integração cultural ainda não está totalmente estabelecida, existem enormes desigualdades e diferenças geográficas, étnicas e sociais, bem como no acesso à informação; além disso, quanto mais a internet se aprofunda e expande, mais se evidencia uma síndrome de alienação e nostalgia — assim é na China, em Portugal e em qualquer outro lugar.

Nestas circunstâncias, a saudade mostra-se um calmante eficaz. Refletindo sobre estas noções, selecionei 16 artistas de Portugal e da China, em cujas expressões se destacam duas características marcantes. Uma delas é o entrelaçamento de conceitos como diversidade, festividade, ambiguidade, muitas vezes incluídos num todo. A outra é a íntima relação das obras com a narrativa da saudade."

(Yuko Hasegawa, curadora da exposição)