Um dos poucos artistas dedicado à escultura egresso da Geração 80, cuja tônica era a pintura, o paulistano radicado no Rio de Janeiro, Angelo Venosa, traz a sua cidade natal a exposição Penumbra. Com curadoria da historiadora e curadora de arte Vanda Klabin, a mostra na Galeria Nara Roesler | São Paulo deriva de outra de mesmo nome realizada no ano passado em Vila Velha - ES.

Na galeria paulistana estarão expostas oito esculturas. Dessas, seis são provenientes da exposição no museu capixaba, enquanto as outras duas, ainda que produzidas em 2017, serão exibidas pela primeira vez. “Inquietas e interrogativas, suas obras problematizam a visão do espectador, residem em um mundo fluido permeado pela artesania e pela tecnologia digital, que fazem parte de sua lógica de trabalho e ampliam o campo da sua poética”, pontua a curadora.

A mostra reúne obras produzidas em materiais como bronze, madeira, tecido e fibra de vidro que exploram áreas cheias e vazias, criando formas que adquirem inesperada plasticidade. As esculturas formam com a sombra produzida pela iluminação incidente um corpo enigmático e, juntas, constroem particular atmosfera onírica. “A inclusão real da sombra abre um espaço possível, articula a nossa percepção, os nossos modos de ver, e essa simultaneidade de acontecimentos que segmenta um novo território parece sonegar a verdade do olho e possibilita uma grande variedade de acessos a uma realidade cifrada”, afirma a curadora.

Segundo Klabin, ainda, a nova série de trabalhos de Angelo Venosa desperta muitas desconcertantes indagações. “O agenciamento de outros materiais para construir um novo continente de trabalho vai presidir a criação de um núcleo de obras envoltas em incidências luminosas que se desenvolve numa turbulência interna, em que as formas oscilam e tomam posição, no sentido de multiplicar os planos, criar uma ambiguidade espacial”.