Mendes Wood DM São Paulo tem o prazer de apresentar a mostra coletiva Fevereiro, dos artistas Camile Sproesser, Gokula Stoffel e Thomaz Rosa. Através da pintura em suas diferentes formalizações e pesquisas, os artistas manifestam os seus aprofundamentos quanto as questões perenes ao seu tempo. Afastadas da ambição de racionalizar e tampouco delinear a contemporaneidade, a produção desses jovens artistas é antes de tudo um registro de sua própria feitura em consonância com o espectro de sua personalidade.

Compreendendo três momentos elementares da pintura na história da arte como a paisagem, o retrato e a natureza morta, o trabalho de Gokula Stoffel recorta esses elementos e os distorce em cores e texturas translucidas. Sua rotina na pratica com pintura, transforma a tela em um objeto enigmático, que questiona o espaço ao redor e ignora os processos acadêmicos e estruturais da arte. Suas paisagens se apresentam em diversos suportes e materiais, como vidro, redes, lãs, fitas, folhas de alumínio, investindo em experimentações de maneira em que o trabalho em si não se propõe um limite. Essa irreverência da pintura é o que se desdobra também na pesquisa de Tomaz Rosa.

Rosa suspende as possíveis leituras sobre o mundo em um jogo de referências aos artistas da geração paulista dos anos 80. Assim, reflete sobre a pintura como objeto de observação em uma discussão sobre imitação e cópia, ao mesmo tempo que explora as possibilidades do gesto romântico. Os temas e proposições na pintura de Rosa sugerem que o espaço não pode ser visto apenas de fora, entendendo o campo de visão como algo que se encontra ao redor, e não apenas à frente. Suas abstrações sugerem uma imersão de quem vê a pintura, proporcionando uma narrativa livre de regras e contextos, reforçando o que Camile Sproesser apresenta na Sala Oeste da galeria.

Camile explora a potência das cores, que tem como aliada uma composição bastante particular, pinceladas que deixam rastro e um volume de tinta que atrai os olhos do espectador. Personagens, animais, palavras e diversos elementos dialogam, seja num jogo de experimentações quase infantil, seja na força das figuras femininas. A artista estabelece seu espaço pictórico através de manchas e diversas camadas de tinta, transformando esse conjunto em narrativas curiosas permeadas por cores fluorescentes e um mundo singular. O que hora se faz assumidamente claro numa fração se mostra carregado de possibilidades provocativas que sugerem a dúvida sobre o que se tem e o que se vê.

O esforço da pintura contemporânea é a própria multiplicação de sistemas que rompem sua ligação à superficialidade do objeto, quer esses sistemas tenham natureza figurativa ou não, quer criem novos materiais ou reinventem antigos. O movimento de reencontro com seu próprio fundamento, torna a produção desses artistas coerentes entre si.