55SP apresenta ‘Towards the Last Unicorn ', uma exposição com curadoria de no.stereo e Art Research Map. Foi convidado um grupo de artistas para mostrar trabalhos que serão exibidos na 55SP (espaço físico), mas também online. Assim, o medium imaterial torna-se a mensagem e o mensageiro para um retorno à matéria.

Novos paradigmas de estilo de vida foram impostos às sociedades globalizadas. Evitar a desconexão e a tecnologia equivale ao risco de entrar num sistema de não pertença. Por isso, como se pode pertencer quando, por pertença nos referimos (agora) a um estado de absorção humana através de dispositivos e telas? Como pensar, neste momento, ou voltar a situar a abordagem sensorial ao mundo em que vivemos? Será que este é meramente visual? Deverá ser utilizada a palavra ‘progresso’ na era de atenção digital (visual)?

Existe uma urgência em repensar o que significa ser humano, hoje, assim como a importância dos nossos corpos como potência singular da criação. Artistas contemporâneos estão a manifestar a transformação da mente em matéria, repensando o nosso ecossistema, tanto interno quanto externo, como uma nova forma de pertencer.

A questão permanece - qual a direção viável para o próximo passo? Como só podemos avançar, talvez este movimento signifique uma nova ecologia e a recusa de um de roubo de tempo em contínuo,ou seja, criação de consciência. Rumo ao último unicórnio, conduz-nos numa direção que inclui os três tempos - presente, passado e futuro. esta condução implica um movimento - o presente enquanto possibilidade catalisadora para um kairós. O unicórnio é esta criatura mítica com poderes mágicos, que penetra no nosso imaginário como algo que pode ou não existir. É o pensamento mágico transformado em símbolo, emoji, figura com conotações culturais, que ainda habita um pensamento de possibilidade ligando nosso presente, ao passado e ao futuro.

Tal como em Blade Runner, o unicórnio de origami faz alusão à possibilidade de criação de empatia num dos replicantes, o unicórnio materializado é a esperança de uma pureza universal da origem. Como um talismã é matéria repleta de pensamento mágico, o mesmo acontece com o gesto do artista que manipula a matéria com o tempo, para lhe dar um significado.

O vídeo como imaterial surge de uma manipulação matérica, implica uma duração e, por isso, o tempo de visualização. 'Towards the Last Unicorn', é a última chamada à consciência do tempo e da matéria, longe de uma absorção digital distópica, usando essa mesma mídia digital como fonte de comunicação.