Casa Triângulo tem o prazer de apresentar A Fábrica do Corpo Humano, segunda exposição individual de Nino Cais na galeria.

Com o título da mostra fazendo alusão ao pioneiro atlas de anatomia "De Humani Corporis Fabrica", publicado em 1543 pelo médico belga Andreas Vesalius, a mostra reúne um conjunto de colagens e intervenções feitas em páginas de livros, objetos e fotografias, aliadas à uma instalação composta por um alambrado e um volume de camisas. Produzidas a partir de um tema recorrente na produção do artista, o corpo como matriz de tudo que existe no mundo, a mostra explora as relações entre corpo e espaço.

"Se o corpo em algum momento informa à construção do espaço também a arquitetura conforma e restringe o corpo" através desse pensamento, Nino Cais evidencia tal complexidade relacional em sua produção, colocando o corpo como ponto originário e de referência a tudo que o contorna. Seja quando o artista se registra em suas fotografias, relacionando-se com objetos cotidianos, ou até mesmo quando se apoia em imagens canônicas, Nino questiona a intermediação dos objetos com o corpo e o mundo. Buscando um referencial originário e explorando os limites do corpo dentro de outros, a exemplo da instalação apresentada na mostra, onde há um combate entre os limites da grade e os limites da fisicalidade do corpo, aqui representados pelas camisas, Nino questiona moldes e símbolos, criando o vazio a partir do que seria central.

Utilizando de cortes, cisões, tinta, manchas, rasgos, num processo de revelar desvãos entre as experiências subjetivas e as narrativas oficiais, o artista estabelece uma relação próxima da materialidade do papel no encontro com o universo advindo do conhecimento formal. Com a premissa de entender o corpo como molde que dá origem à objetos e espaços, o artista trabalha, por meio das obras apresentadas, o desenvolvimento deste questionamento. Viaja entre o passado e o presente nestas recombinações e, através de uma observação minuciosa, transcreve outras possíveis relações, recupera a sua investigação têxtil, processo por ele utilizado no início de suas pesquisas artísticas na faculdade e que está fortemente relacionada à sua própria história e pesquisa, para apresentá-las em um contexto mais consolidado e maduro. Nino Cais investiga e produz outras páginas da história a partir da versão já contada e conhecida, indaga os limites entre o físico e o abstrato, entre o corpo e o mundo onde este habita.

Nino Cais [São Paulo, Brasil, 1969. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil] realizou exposições individuais na Fridman Gallery, Nova Iorque, EUA [2018]; Casa Triângulo, São Paulo, Brazil [2017]; Central Galeria, São Paulo, Brasil [2015] e Gachi Prieto Gallery, Buenos Aires, Argentina [2015]. Entre as exposições coletivas estão Against, Again: Art Under Attack in Brazil, Anya and Andrew Shiva Gallery, Johnfoy College, Nova Iorque, EUA [2020]; O que meu corpo sabe: Fotografias em fricção nas coleções EAV Parque Lage e Memória Parque Lage, EAV Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil [2019]; Waving and Wavering, Maryland Art Place, Baltimore, EUA [2018]; Ação e Reação, Casa do Brasil, Setor Cultural da Embaixada do Brasil, Madrid, Espanha [2018]; Queermuseu - cartografias da diferença na arte da brasileira, Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil [2017]. Suas obras fazem parte de coleções públicas como as do Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, entre outras.