O poeta Rodrigo Souza Leão faleceu em 2009 em uma clínica psiquiátrica no Rio de Janeiro. Antes de morrer produziu mais de 40 telas, fruto de aulas regulares na EAV Parque Lage, uma impressionante imersão em seu universo de inúmeras vozes e imagens. Serão expostos uma série de “Máscaras”, pinturas de grandes dimensões, e projeção de poemas visuais. 10 de novembro de 2011 a 22 de janeiro de 2012.

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta a exposição “Tudo vai ficar da cor que você quiser”, com pinturas e poemas do artista plástico e poeta Rodrigo Souza Leão (1965-2009). Com curadoria de Marta Mestre e Ramon Mello, serão apresentadas cerca de 30 pinturas, em óleo sobre tela, feitas pelo artista em 2009, três meses antes de falecer, quando começou a frequentar a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, por sugestão de seu padrinho de batismo, o crítico de arte Paulo Sérgio Duarte. A mostra será acompanhada de um catálogo-livro produzido pela Editora Pinakotheke.

Dentre os destaques da exposição está a grande pintura "Sentido da vida", com 1,50 x 4 m, que “revela uma leitura do mundo através de signos visuais arcaicos e místicos”, segundo os curadores. Também fazem parte da mostra as pinturas "A Morte do Saci", que está na capa do livro Me roubaram os dias contados (Record, 2010), e "O Punk", capa do livro O Esquizóide (Record, 2011). Além das pinturas, serão projetados na parede do museu os poemas visuais de Rodrigo Souza Leão “Desequilivro”, em parceria com Paulo de Toledo, e Dias de Leão, este último feito a partir de imagens de obras do artista plástico Antonio Dias, apropriadas da internet.

A curadoria da mostra não segue uma organização específica, e privilegia a forma livre e compulsiva com que Rodrigo Souza Leão criou este conjunto de telas nos últimos três meses de vida. Há, porém, algumas linhas de persistência ou pontuações na produção, como, por exemplo, as séries “Máscaras”, “Grades/Losângulos” e “Haldol”.

“Rodrigo escrevia desde os 20 anos, era formado em jornalismo e tinha ligação com música e literatura. Ele era um poeta que se expressava também no campo da arte. A produção artística é uma continuação do trabalho de literatura que ele vinha desenvolvendo. Há várias telas com nomes de personagens de livros e algumas telas ilustram os livros do artista”, diz o curador Ramon Mello.

As imagens chamam atenção por apresentarem uma parcela do mundo desfragmentado do autor, parcela essa que serviu de registro diário nos últimos dias de vida, uma espécie de pulsão plástica”, afirma o curador Ramon Mello, que cuida de sua obra a pedido da família do artista desde sua morte. As obras da exposição serão doadas para instituições e nenhuma obra poderá ser vendida, uma decisão da família para preservar a obra do artista. Além disso, o acervo do poeta será doado ao Arquivo Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa.

Crowdfunding
A exposição “Tudo vai ficar da cor que você quiser”, de Rodrigo Souza Leão, foi financiada através de crowdfunding, uma forma de financiamento colaborativo na internet, muito comum nas áreas de cinema e teatro, mas que não é usual na área de artes plásticas. Esta é a primeira exposição realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro através de crowdfunding. O projeto, idealizado por Ramon Mello, foi muito bem aceito e, em um mês, foram arrecadados mais de R$33 mil. Todas as pessoas que colaboraram com a exposição terão seus nomes no catálogo. Dependendo do valor doado, o colaborador receberá um livro de Rodrigo Souza Leão, um catálogo da exposição, o CD Krâneo e seu neurônio, com poemas musicados por Rodrigo de Souza Leão e Gizza Sales Negri, ou terá seu nome no painel da exposição. No catálogo que acompanha a exposição há uma lista de agradecimentos com os mais de 200 nomes que colaboraram com exposição através do crowdfunding.

Sobre o artista
Escritor e jornalista, Rodrigo de Souza Leão nasceu no Rio de Janeiro, em 04 de novembro de 1965. Publicou dez e-books de poesia: “25 Tábuas”, “No litoral do tempo”, “Síndrome”, “Impressões sob pressão alta”, “Na vesícula do rock”, “Miragens póstumas”, “Meu primeiro livro que é o segundo”, “Cataclismo”, “Uma temporada nas têmporas”, “O bem e o mal divinos”, “Suorpicious mind” e “Omar”. Seus poemas foram publicados nas revistas Coyote, Et cetera, Poesia sempre, El piez naufrago (México) e Oroboro. Premiado com o 4º lugar no Concurso de Contos José Cândido de Carvalho, em 2002.

Publicou “Há flores na pele” (João Pessoa: Editora Trema, 2001) e “Todos os cachorros são azuis” (Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2008), com incentivo do Programa Petrobras Cultural – Edição 2006/2007. O livro foi um dos 50 finalistas do Prêmio Portugal Telecom, edição 2009.

Em 2008, publicou também a plaquete “Desequilivro”, de poesia visual, em parceria com Paulo de Toledo. Em 2009 foi a vez de “Caga-regras” (Pará de Minas: Virtual Books). Fundador e coeditor da Zunái – Revista de poesia – e da Debates. Criou o site Caox (hoje fora do ar) e veiculou o e-zine Balacobaco, trazendo entrevistas com mais de 150 poetas e escritores.

Editou o blog Lowcura, que participou da mostra Blooks — Tribos; Letras na Rede (coordenação de Heloísa Buarque de Hollanda e curadoria de Bruna Beber e Osmar Salomão, 2007). Sob o pseudônimo de Romina Conti, foi uma das Escritoras suicidas. Escreveu artigos e resenhas para os jornais O Globo e Jornal do Brasil.

A editora Record, responsável pela publicação da obra inédita de Rodrigo de Souza Leão, publicou os romances “Me roubaram uns dias contados” (2010) e “O esquizóide: coração na boca” (2011). Para 2012 está programada a publicação do livro “Carbono pautado”.

O livro Todos os cachorros são azuis foi adaptado para o teatro por Flávio Pardal, Michel Bercovitch e Ramon Mello, com colaboração de Manoela Sawitzki. No elenco: Bruna Renha, Camila Rhodi, Gabriel Pardal, Natasha Corbelino e Ramon Mello. O espetáculo, dirigido por Michel Bercovitch e produzido por Elvira Rocha, estreou em julho de 2011 no Teatro Maria Clara Machado (Planetário), no Rio de Janeiro, com o patrocínio da Oi.

O ator Cauã Reymond e o empresário Mario Canivello compraram os direitos para levar ao cinema dois livros do autor: “Todos os cachorros são azuis” e “Me roubaram uns dias contados”.

Saiba mais: www.rodrigodesouzaleao.com.br