Antonio Carlos  Sarmento
Colabora no Meer desde dezembro de 2023
Antonio Carlos Sarmento

Nasci no Rio de Janeiro e em 2023 atingi meus 70 anos de vida, felizmente com muito vigor e saúde.

Em tempos recentes vivo entre o Brasil e a Europa, pois minha única filha optou por morar nas terras de origem de seu avô materno: o norte de Portugal. Já há alguns anos ela reside por lá com o marido e meu netinho. Estes são os imãs que me atraem fortemente para a cidade do Porto. Viver parte do tempo em terras lusitanas tem sido uma experiência agradável e também enriquecedora, pela diversidade cultural e pelas fascinantes diferenças e variações no uso da língua portuguesa.

Desde pequeno encantei-me com os livros e eles me acompanham pela vida afora. Exerci a minha vida profissional de Engenheiro e também Mestre em Administração, sempre trabalhando muitas horas por dia, mas o tempo para a literatura nunca deixou de existir na minha rotina diária.

Há alguns anos, livre dos compromissos do trabalho, intensifiquei meu ritmo de leitura e acabei despertando para a envolvente atividade de escritor. De fato acho que sentia falta de escrever, pois em minha atividade profissional era sempre requisitado para fazer relatórios complexos, escrever e-mails mais elaborados e até colegas me traziam textos para avaliação e aperfeiçoamentos. Acho que já havia um escritor dentro de mim aguardando uma oportunidade na literatura.

A iniciativa de escrever vem dando certo. Fiz um site e lá divulgo minhas crônicas, gênero literário que aprecio e para o qual me sinto inclinado. No momento já são cerca de 200 crônicas e uma parte delas se transformou em livro que publiquei no Brasil pela Editora Becalete: Crônicas e Agudas – Histórias leves para divertir e fazer pensar. Estou em preparação de meu segundo livro e também participando de vários concursos literários. Convido o leitor a visitar meu site.

Permitam-me que conte uma pequena história para retratar o que sinto neste novo papel de escritor. Quando garoto eu me divertia saindo em busca de um formigueiro. Era aquele montinho de terra, aparentemente calmo, sem vida, como se fosse um caroço em meio à paisagem. Mas eu sabia que a aparência era mera camuflagem. Meu divertimento era despertar o inanimado, espetando um pauzinho pontiagudo e alvoroçando as formigas. Em segundos, a vida efervescia. Mexer ali significava observar mais movimento, mais energia, mais descobertas.

Começar a escrever foi para mim como um espeto no formigueiro. Fez brotar memórias, ideias e conhecimentos que eu nem sabia que estavam no meu íntimo. A escrita despertou um vulcão interior e agora já não consigo conter a erupção, ao contrário, preciso dela.

Escrever me tornou mais atento à vida, mais observador das pessoas e das situações, mesmo as mais triviais. Passei a perceber que até coisas pequenas e simples são capazes de nos trazer grandes ensinamentos e propiciar interessantes reflexões.

Enfim, não escrevo para ganhar a vida, escrevo para ganhar mais vida.

Concluo com uma frase do escritor italiano Umberto Eco que traduz muito bem o que penso em relação à literatura: Quem não lê, aos 70 anos terá vivido só uma vida: a sua. Os que leem terão vivido cinco mil anos. Ler é uma imortalidade de trás para a frente.

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