Muitas vezes nos vimos na condição de fazer algo que nunca fizemos antes ou algo que acreditamos não ser possível e o coração acelera, começamos a suar frio e achamos que não vamos conseguir. Principalmente, quando isto vai contra nossas crenças e valores firmemente arraigados ou acalentados por décadas a fio. Mas o fato é que ter poder para mudar o que não está bom em nossas vidas é uma possibilidade tão maravilhosa que mesmo contra todas as evidências continuamos a “farejar” em busca daquela brecha escondida, daquele caminho alternativo que nos vai levar a uma condição excepcional.

Como se constrói um paradigma? Com evidências da natureza, evidências da cultura que se manifestam com certa regularidade? Ou simplesmente trata-se de crenças que possuímos sobre as coisas, que de tão renitentes e contumazes passaram a ter a força de um dogma?

Por outro lado, o que é necessário para quebrar um paradigma? A mesma contumácia no sentido contrário? Ou simplesmente um poderoso e intenso desejo de ir além do ponto até onde chegamos?

Evidente que, na base de qualquer processo de mudança está uma autoestima elevada e uma personalidade irreverente, visto que, quem não se conforma em aceitar a realidade tal qual ela é, deve estar disposto a fazer uma “revolução” para conseguir mudar as cores de sua vida. Para se atingir a meta há, no entanto, alguns obstáculos a serem superados. Um deles é o medo do novo. Neste caso, é bastante comum que muitas pessoas se deixem aprisionar pelo medo, abortando com isso preciosos processos de mudança dentro de si.

Devemos considerar ainda que, a despeito da intensidade de nosso desejo consciente e de todos os nossos esforços, num nível mais profundo julgamos que não somos merecedores de uma vida abundante e plena, e assim, inconscientemente boicotamos nossos próprios esforços para alçar voos mais altos.

Mas o fato é que a quebra de um paradigma é um divisor de águas na vida de qualquer pessoa. Nunca seremos os mesmos após termos vencido uma barreira que julgávamos intransponível. O ato de colocar por terra o que antes parecia sólido como a rocha acompanha-se de um significado profundo e avassalador. Isto porque choca-se diretamente com o conceito que temos de nós mesmos. Obriga-nos a rever antigas crenças, faz-nos sentir que estamos em um mundo em constante movimento, o que gera insegurança. Precisamos das coisas fixas e estáveis para nos sentirmos seguros.

Se queremos realizar a façanha de quebrar um paradigma em nossas vidas, talvez a primeira coisa a se debruçar é sobre o conceito que temos de nós mesmos. Começar por explicitar esse conceito para si mesmo seria um primeiro passo muito importante. Um segundo passo seria começar a pensar diferente sobre si. Se por exemplo você deseja reformar a sua casa, mas não tem dinheiro, comece a pensar / visualizar sua casa como se ela já tivesse sido reformada. Observe todos os detalhes. Aproprie-se deles. Construa uma imagem mental a mais “real” possível. Adicione novos detalhes a essa imagem todos os dias.

Mas nada é mais avassalador do que o momento em que você passa a desempenhar um novo papel, quando sai a dirigir seu próprio carro, sozinho, por exemplo, a primeira vez. Algo mudou em sua vida (e em sua personalidade) inexoravelmente. Mesmo que tenha medo, não é mais possível voltar atrás. A correção no autoconceito demora um tempo maior para ser efetuada. Até lá seremos inseguros desempenhando a nova função. Mas o paradigma foi quebrado para sempre.

A realização do feito parece estar estreitamente relacionada ao ato de tornar o impossível possível. Quando vamos mudando nossas crenças (sobre nós mesmos e o mundo), se isto ocorre de maneira persistente e contumaz, aquilo que pensamos tende a tornar-se realidade.

Segundo Carlos Rosa (2015), o modo de uma pessoa fazer as coisas é o resultado direto da maneira como ela pensa sobre essas coisas. “Para fazer as coisas do modo que você as quer fazer, terá que adquirir a habilidade de pensar do modo que você quer pensar. E para pensar o que você quer pensar, você deve pensar a VERDADE, indiferente às aparências”, afirma o autor.

Carlos Rosa explica que cada indivíduo tem o poder natural de pensar o que quiser, mas isso requer muito mais esforço do que ter pensamentos que são sugeridos pelas aparências. Pensar de acordo com as aparências é fácil; pensar de verdade, não obstante as aparências, é um pouco mais difícil e requer maior emprego de energia que qualquer outro trabalho que formos chamados a executar. Não existe trabalho do qual a maioria das pessoas mais fuja do que aquele de manter continuamente um pensamento. É um dos mais duros trabalhos do mundo. Isto é especialmente correto quando a verdade é contrária às aparências. Cada aparência no mundo visível tende a produzir uma forma correspondente na mente de quem a observa, e isto só pode ser evitado mantendo o pensamento na VERDADE.

Ver as aparências da pobreza produzirá formas correspondentes em sua própria mente, a menos que você se prenda à verdade de que não existe pobreza; há somente abundância.

Pensar na saúde quando cercado pelas “aparências” da doença ou pensar na riqueza quando em meio às “aparências” da pobreza requer poder; quem quer que adquira este poder torna-se uma mente-mestra. Esta pessoa pode vencer o destino e pode ter o que quiser, ressalta o autor.

Resta dizer que você pode.

Sim, você pode dar à linha do horizonte de sua vida os contornos que quiser, e construir a partir disso o mundo que se lhe aprouver. As fronteiras pertencem às aparências do mundo visível. A VERDADE é seu único e exclusivo patrimônio.

Referências bibliográficas

Rosa, Carlos. Numerologia Cabalística: a última fronteira, São Paulo, Editora ABNC, 2015.