Certamente todos já vivenciamos situações de dor e sofrimento, seja de que natureza for, e já ficamos a refletir sobre suas causas e origem, seu papel e seu sentido em nossas vidas. E embora todos sejam unânimes em admitir que “o sofrimento não é gostoso”, é um tanto paradoxal observar que tantas pessoas permanecem tanto tempo prisioneiras deste estado, numa espécie de limbo emocional.

De um ponto de vista holístico, “o sofrimento é uma energia interna que se forma porque a consciência da pessoa está agindo em sentido contrário às leis naturais que regem a evolução do mundo. Por isso, todo sofrimento é uma perda de sintonia, é a indicação da falta de alinhamento do indivíduo em relação à Fonte Maior. É uma indicação de que se está na contramão das coisas” (Gimenes & Cândido, 2016).

E por que alguns optam por funcionar na contramão? Uma grande motivação para isso seria atingir os outros (os mais próximos de um ponto de vista afetivo), fazê-los se sentir impotentes. Outras vezes, o simples fato de chamar atenção sobre si pode ser uma motivação importante. Ou ainda, para maximizar sentimentos de insuficiência e com isso alimentar a autopiedade e sentimentos de incapacidade. A princípio, a lógica emocional parece um tanto estranha a um olhar leigo. De qualquer forma, algum ganho sempre há.

Lembrando que somos todos almas em evolução alocadas em um campo de provas chamado ‘Planeta Terra’, à pergunta feita no Livro dos Espíritos: “Tem o homem o poder de paralisar a marcha do progresso?”, encontramos a seguinte resposta:

“Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se-lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más” (p. 409). Isto transposto para a condição do indivíduo, este somente vai interromper seu sofrimento quando ativar em si suas forças construtivas (em outras palavras, começar a ‘nadar a favor da maré’), mesmo que sua ação destrutiva seja voltada contra si mesmo.

Neste contexto, as palavras de Gimenes & Cândido (2016) fazem todo sentido:

“Quando você se sente injustiçado, trate de mudar o rumo das coisas. Ame mais, perdoe mais, procure novos caminhos, comprometa-se mais, estude mais, conheça-se mais, limpe-se de suas crenças limitantes e mude a sua realidade... Olhe para a situação da injustiça como o reflexo da sua falta de amor e da sua falta de conexão com Deus nas situações simples da vida. Perdoe-se com humildade e desejo sincero de fazer melhor e absolva as situações envolvidas” (p.36).

Uma possível hipótese sobre o que mantém as pessoas tão aferradas ao fato de terem se sentido injustiçadas (mantendo sempre viva essa lembrança) e, com isso, impossibilitando-as de colherem os frutos saborosos da vida, parece ser o que Freud chamou de “injúria narcísica”. Isto significa que em algum momento a pessoa sofreu o que sentiu como um ataque ao ego (um acontecimento que teria resultado em algum tipo de dano físico, psíquico ou espiritual) que abalou tão profundamente o seu narcisismo, que ela não pode ou não consegue abrir mão do fato de que algum dia tenha se sentido ofendida. O universo lhe deve algo. Adotando esta postura, paralisa o seu próprio desenvolvimento, deixando de agir de acordo com a lei do progresso.

Não vamos esquecer que a felicidade está nas pequenas coisas e em nossa capacidade de perdão. Concedendo o perdão, liberamos o outro e liberamos a nós mesmos. E ainda provamos nossa generosidade, visto que o erro é uma condição da natureza humana em que estamos inclusos. Precisamos do erro para evoluir ou para aprender com ele.

Vale salientar que depositar as nossas expectativas de uma vida melhor em terceiros, sejam eles quais forem (um chefe, um cônjuge, um filho, o pastor da igreja, uma figura pública), não favorece o nosso crescimento. Simplesmente porque ao fazer isso, enviamos um sinal energético para o universo abdicando de nosso poder pessoal de criadores de nossa própria realidade. Quando esperamos demais de coisas ou pessoas externas, acabamos por sobrecarregá-las com projeções ilusórias, dando início a processos emocionais completamente tóxicos.

O fato de sermos os únicos responsáveis por nosso destino é algo muito assustador, de forma que acabamos por não nos apropriar do nosso poder pessoal. Se por um lado alivia podermos atribuir a outrem a culpa de nossos insucessos, por outro pagamos um preço muito alto por nossa covardia.

Assim, não há como se esquivar da lei do progresso, pois o universo nos cobrará pesados tributos, e, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, deveremos retomar o caminho. Resta, pois, uma única palavra a dizer...

Avante!!!

Referências:

Gimenes, B.J. & Cândido, P. - Conexão com a Prosperidade. 2. ed., Nova Petrópolis, Luz da Serra Editora, 2016.
Kardec, A. - O Livro dos Espíritos. 91. ed. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira, 2007.