“Educar é transformar espelhos em janelas”.

(Sydney Harris)

Com este calor apressado, que vem sem dizer olá e se vai sem dizer adeus, muitas janelas se abriram para deixar entrar o ar!!!

Mas há muitas espécies de janelas!

Vejamos: temos as” janelas de aprendizagem”; temos as “janelas da alma”; temos as “janelas do Windows”; temos as “ janelas de oportunidades”….todos nós temos estas janelas todavia quais serão as mais importantes?

A janela, percebida em contiguidade com a parede, é um mecanismo que possibilita ver o espaço fora. Devido a sua transparência ela é um dispositivo que permite ver através.

Desta forma, o uso do recurso perspectivo para a execução de um quadro que possui apenas duas dimensões foi o que lhe possibilitou apresentar-se dotado de tridimensionalidade.

Mas recordemos a obra de Magritte, A condição humana, onde é possível ver que o quadro sobreposto à janela faz alusão à transparência que lhe é implícita, uma vez que alógica da perspectiva concede a cada quadro a condição de desaparecer enquanto tal, ou seja, enquanto matéria para dar a ver uma cena. Neste mesmo sentido encontra-se a janela, que por sua própria natureza formal e material transparece uma cena devidamente enquadrada, colocando o dentro e o fora em ininterrupta relação. Aberta ou fechada conduz o olhar e pode dissimular o tempo.

O melhor tempo é o emotivo! Que o diga Paulo Coelho quando ilustra bem a diferença entre “Janela” e “Espelho”, como se pode ver no excerto seguinte:

Um jovem muito rico foi encontrar-se com um rabino, e lhe pediu um conselho para orientar a vida. Este o conduziu até a janela:

— O que vês através dos vidros?
— Vejo homens passando, e um cego pedindo esmolas na rua.

Então o rabino mostrou-lhe um grande espelho:

— E agora, o que vês?
— Vejo-me a mim mesmo.
— E já não vês os outros! Repara que a janela e o espelho são ambos feitos da mesma matéria prima: o vidro. Mas no espelho, porque há uma fina camada de prata colada a vidro, enxergas apenas a ti mesmo. Deves comparar-te a estas duas espécies de vidro. Pobre, prestavas atenção aos outros e tinhas compaixão por eles. Coberto de prata – rico – só consegues admirar teu próprio reflexo.

É melhor aprender com o coração, mesmo tratando-se de computadores e programações exóticas…e assim sendo é necessário que as “janelas da alma”, que são os olhos, captem o invisível, as entrelinhas, o subjectivo, o espírito da matéria que se encontra em tudo na vida.

Agora que estamos quase todos a ir de férias, pensemos e sintamos um pouco a importância de ver com olhos de ver, com o coração! Esse olhar é o que vai ficar na memória ligada à inteligência espiritual que as crianças de hoje já praticam, as chamadas crianças índigo, que aliás são todas as que nascem na actualidade.

A sociedade adulta que não esqueça de mudar o olhar, de crescer com o coração e de aprender a olhar através das “janelas” do outro!

O Ministério da Educação deverá ter em conta esta subjectividade do olhar humanista, que é tão científica quanto a do microscópio, na aposta que pretende fazer na renovação do ensino em Portugal.