Somos roubados! Diariamente quando acordamos, desde o momento que tomamos nosso café, durante todo o dia até o momento de irmos dormir, somos roubados. E o pior de tudo, é que gostamos disso. O brasileiro gosta de ser roubado, e cada dia contribui para que sejamos roubados ainda mais.

Vamos começar falando da carga tributária. A carga tributária do Brasil é uma das mais altas do mundo: 40%. Um pouco menos da metade do rendimento de um ano inteiro do nosso trabalho vai para o Governo. Em outra escala isso significa que dos doze meses que trabalhamos ao ano, cinco meses é para custear o Governo. No ano de 1835, quando a carga tributária do charque chegou a 12%, o Rio Grande do Sul deu início a Revolução Farroupilha. E agora, todos nós aceitamos como os cordeiros que somos essa carga absurda. Esse roubo. Que seria totalmente justificável se existisse algum retorno no setor público, como por exemplo, na Suécia, país com maior carga tributária do mundo, porém também com os índices mais elevados da qualidade dos serviços públicos.

Depois vem a urna eletrônica. Nosso sistema eleitoral. Outro roubo. Roubo da nossa democracia e das nossas vontades. Da nossa liberdade. Somos o único país do mundo a utilizar esta porcaria de urna eletrônica. Totalmente fraudável e insegura. Mesmo já tendo sida denunciada no Congresso, no Senado, e em diversas matérias da mídia como no site da justiça brasileira. Mesmo a Diebold Procomp – fabricante da urna eletrônica – já tendo sida processada nos Estados Unidos por corrupção, continuamos a utilizar esta caixa criminosa. E novamente, aceitamos isso como os cordeiros que somos.

E por último, porém não menos importante, vem à fraude das Loterias Federais. Nosso atestado de que não somente concordamos com este roubo diário, mas ainda por cima adoramos e contribuímos para que sejamos roubados ainda mais.

Por muito tempo foram descobertas diversas fraudes. O ex-deputado federal pelo estado da Bahia, o senhor João Alves de Almeida, ganhou mais de 200 vezes nas loterias sendo que 125 vezes ocorreram em um espaço de dois anos. Munir W. Niss ganhou mais de 50 vezes. Em 24 de abril de 2013 o ex-deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, denunciou fraudes e lavagem de dinheiro após uma pessoa ter ganhado 550 vezes, outra 327 vezes e outro 206 vezes. E afirmou: “Todos estes casos são escabrosos. Mas o pior de todos é um cidadão ganhar 107 vezes na loteria no mesmo dia em 7 modalidades diferentes em vários Estados da Federação”.

Em 2014 a Rede Globo exibiu uma matéria desmantelando um esquema de lavagem de dinheiro através das Loterias, depois que um grupo de 75 pessoas, em 7 anos, ganhou 4.300 vezes. Destes 75 indivíduos, 3 acertaram 525 cada um.

E ai vem a Mega Sena da virada do ano. O maior prêmio pago para mudar a vida. Mas mudar a vida de quem? Se a figura do auditor – posição extremamente importante devido a ser a pessoa que valida o sorteio – não é confiável. O auditor deve ser escolhido entre pessoas voluntárias da região, e teoricamente nunca podem ser os mesmos. E tanto na virada de 2005 quanto na virada de 2009 – coincidentemente as viradas onde os prêmios foram os maiores da história das Loterias – o auditor era o mesmo, como podemos observar neste vídeo postado na internet.

E mesmo ciente de todos estes problemas, continuamos louvando nosso roubo. Todos os dias quando acordamos, desde o momento que tomamos nosso café, durante todo o dia até o momento de irmos dormir, somos roubados e continuamos contribuindo para que isso continue ocorrendo.

A única solução é extremamente simples, porém imensuravelmente complicada. Primeiro todos os cidadãos da União deveriam parar de pagar os impostos. Seria impossível o Governo prender toda população por sonegação fiscal. Depois todos deveriam não votar. E por último, porém não menos importante, todos deveriam parar de apostar nas Loterias Federais. Esse comportamento obrigaria o Governo a reformular seu sistema, mostrando na prática que não somos otários.

Mas infelizmente somos. Somos otários. Cordeiros. Gostamos de ser roubados. Como explicado, a solução é simples, porém complicada. E agora vamos para mais um novo ano. Um novo ano com novos roubos, com novos teatros, com novos esquemas. O ano-novo. O ano-novo do otário.