Na medida que as investigações da polícia federal e do ministério público federal vão se aprofundando, mais e mais podridão continua saindo da metástase de banditismo institucionalizado que tomou conta do Estado do Rio de Janeiro.

O ex-governador preso no "SPA" Bangu 8 está em vias de entregar, segundo a imprensa, o nome de 97 autoridades muito bem pagas pelos impostos arrecadados dos contribuintes nas esferas do judiciário e do ministério público estadual, esclarecendo como a sua quadrilha agiu de forma tão transparente e tranquila no assalto aos cofres público do Estado sem ser incomodada.

Da possível participação dessas outras autoridades, que em tese deveriam fiscalizar e julgar o executivo em potenciais desmandos cometidos ao contrário de acobertá-lo, vem a possível resposta para o quadro de degradação ambiental generalizado nos corpos dágua que se observa não apenas na cidade do Rio de Janeiro como em boa parte da região metropolitana de mesmo nome.

Eu pessoalmente cansei de denunciar, já fazem duas décadas tanto formalmente quanto pelos meios de comunicação nacionais e internacionais, aquilo que eu chamo no Rio de Janeiro de terrorismo ambiental de Estado, onde o poder público ao contrário de proteger, recuperar, fiscalizar e punir os degradadores é um dos principais protagonistas da aniquilação ambiental denunciada.

Simplesmente não acontece nada com os degradadores públicos devidamente blindados parecendo que a cada denúncia feita publicamente, quem deveria agir dentro de suas competências simplesmente não toma qualquer conhecimento da situação ambientalmente vexatória denunciada de forma reiterada.

Exemplo desse caos institucional e moral é o que envolve a estatal que monopoliza historicamente os serviços de fornecimento de água e, hipotética em várias regiões, da coleta e tratamento do esgoto. Enquanto essa mesma empresa estatal anuncia publicamente estar dando lucro em suas operações, praticamente toda a bacia hidrográfica da cidade do Rio de Janeiro está morta por esgoto, sem falar nas lagoas e baías que relutam em sucumbir definitivamente diante da degradação imposta pelos delinquentes ambientais. Como uma empresa que vende um serviço, recebe por esse serviço, não entrega o serviço, degrada, não é cobrada pelo estelionato e nem tão pouco pela degradação, pode não dar lucro?

Não há qualquer dúvida, pelo menos para mim que vivo dentro das latrinas nas quais se transformaram os ecossistemas que eu estudei no sentido de melhor gerenciá-los, que a destruição sistemática dos mesmos nada mais é que mais um reflexo da podridão administrativa, do assalto que quadrilhas partidárias articuladas com castas do poder público não menos bandidas tem feito com tudo que encontram pela frente desde que dê lucro.

Supostos programas de despoluição disso e daquilo, tem tido como principal objetivo manter em funcionamento a indústria da degradação onde de tempos em tempos, verbas envolvendo centenas de milhões de dólares são despejadas para projetos que simplesmente nunca alcançam os objetivos propostos.

Vivemos tempos mais do que sombrios onde deliquentes com ou sem foro privilegiado com claros sinais de sociopatia clínica, negam sob as mais claras evidências e delações, quaisquer tipos de relação com o caos no qual vivemos sob aplausos efusivos de seus semelhantes. Reitero que sem dúvida, são clinicamente sociopatas, mas também sem dúvida é que boa parte desse caos ambiental, social, educacional, econômico e moral é fruto da reação apática da sociedade local que parece ter perdido em algum momento seu brio pessoal e a esperança em dias melhores.

Caso fosse um país sério, coisa que tem demonstrado historicamente que não é, uma Operação Lava Latrina, envolvendo o MPF e a PF revelaria muito das verdadeiras causas da degradação cometida sem qualquer controle principalmente em nossos corpos dágua.

Diante dessa avalanche de imundícies que escoam dos rios, lagoas , baías e do poder público, falta-nos sem dúvida, enquanto sociedade, reaver nossa autoestima, sentimento de amor-próprio, honra, dignidade e valor, onde sem isso, o colapso será inevitável.