Em 15 de abril de 2017, portanto 365 dias atrás, o jornal O Globo em matéria de Guilherme Ramalho, informava com destaque que o TCU exige que obras ambientais dos Jogos sejam concluídas e que para tanto o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) teria de apresentar um plano de ação em 90 dias. Além disso, informava a matéria que

«Dos 27 projetos citados no Plano de Políticas Públicas — documento com os compromissos que deveriam ter sido cumpridos até os Jogos —, nove têm legado ambiental, sendo que sete são de responsabilidade do estado e dois do município. Mesmo o TCU não tendo poder para fiscalizar e punir os infratores, os auditores entenderam que o tribunal deve atuar, porque as metas fazem parte de um compromisso assumido pelo país perante o Comitê Olímpico Internacional, por meio da assinatura do Dossiê de Candidatura».

Como em nosso país qualquer documento assinado por nossas autoridades do executivo, tem pouquíssima validade prática principalmente quando as mesmas autoridades pouco interesse apresentam a respeito do assunto, os hipotéticos legados ambientais prometidos simplesmente serviram de engodo no sentido de viabilizar o evento olímpico em nossa cidade ambientalmente degradada e tendo sido esquecidos logo em seguida.

Há de destacar que enquanto a administração municipal passada simplesmente abriu mão de suas responsabilidades em relação ao que fora acordado na recuperação da bacia hidrográfica da baixada de Jacarepaguá onde nada foi iniciado ou devidamente concluído, no governo do estado houve uma real intenção de recuperação barrada sistematicamente por demandas técnicas e legais advindas do ministério público estadual e posteriormente federal que simplesmente inviabilizaram a execução do projeto na "janela de oportunidade" no qual o mesmo poderia ter sido executado.

O triste disso tudo é que vários dos responsáveis que deixaram de fazer o combinado na matriz de responsabilidade olímpica continuam sem qualquer vergonha ou inibição expondo suas habilidades no campo da política visando nas próximas eleições se pendurar em mais um cargo eletivo, como se nada devessem do ponto de vista ambiental à região metropolitana do Rio de Janeiro. Por outro lado as autoridades que sob seu ponto de vista, apenas cumpriam seus deveres de fiscais da lei, praticamente desapareceram da devastada bacia hidrográfica e de seu sistema lagunar associado como se nada tivessem de responsabilidade para com o quadro ambiental caótico e terminal que se observa diariamente na região, bem como com as causas de degradação da mesma área sem que hoje, sem os holofotes olímpicos, gerasse qualquer ação prática das mesmas autoridades.

De qualquer forma, antes tarde do que nunca, esperou-se que diante da decisão do TCU em abril de 2017, o Ibama se mexe-se e de alguma forma, mesmo que de forma tímida, principalmente no caso do sistema lagunar de Jacarepaguá e que por meio do tal "plano de ação" viesse a se materializar alguma coisa.

Fato é que passado um ano dessa matéria, onde o próprio presidente do TCU expõem a oportunidade perdida a respeito da recuperação ambiental de importantes passivos da região metropolitana, é que a situação não só é a mesma como piorou e muito em decorrência das mesmas causas que historicamente destroem o patrimônio ambiental da cidade do Rio de Janeiro sem qualquer reação seja do poder público como de cobrança da sociedade, onde hoje a grande desculpa é a crise econômica. Destaca-se que quando havia dinheiro de sobra, praticamente nada também foi feito, portanto, o grande problema sempre foi e será, a falta de vontade de fazer o combinado.

Cabem então aqui as seguintes perguntas restritas à matéria de 2017:

  1. O Ibama produziu o tal plano de ação?

  2. Se foi produzido, por onde está o tal plano?

  3. Para que serviu na prática o tal plano e quando será implementado?

  4. Se ainda não foi produzido o tal plano pelo Ibama, passado um ano, resta saber o por quê?

  5. Afinal, as recomendações, solicitações do TCU são para serem levadas à sério ou são apenas perda de tempo?

Enquanto as perguntas ficam sem respostas, causas e consequências da degradação ambiental sistêmica na região metropolitana da porta de entrada internacional do Brasil, mostram que esse país no que diz respeito ao ambiente, não foi nos jogos olímpicos um país sério e parece que continuará não sendo.