Jogo da imitação, não é apenas e tão só a história mirabolante e dramática do criptoanalista, matemático e filósofo britãnico Alan Turing, um dos precursores do computador moderno e decisivo na descodificação do código Enigma que os nazis utilizavam na II Grande Guerra, nos seus secretos planos de ataque, mas é também a história do lendário génio da matemática cuja vida teve um final abrupto devido às perseguições de que foi vítima, devido à sua orientação sexual.

Com este filme, soberbamente interpretado por Benedict Cumberbatch e Keira Knightley e realizado pelo norueguês Morten Tyldum, o espectador é conduzido numa viagem fascinante ao mundo dos Medos, dos Tabus e dos Preconceitos, para desaprender! Este é o grande verbo do filme!

Há que desaprender medos, com a persistência e com a coragem, com o acreditar em si próprio.

Há que desaprender que o Amor entre duas pessoas não tem obrigatoriamente que ser vivido corporalmente e sexualmente, e com a entrada em cena de Keira Knightley, a intensidade dramática entre as personagens atinge o seu clímax de desaprendizagem e anti-preconceito!

Há que desaprender que a comunhão de bens e de estatutos sociais é que fazem relacionamentos felizes; pois aqui é muito claro que são as comunhões de ideias as responsaveis por tal façanha!

Há que desaprender tabus, relativos a orientações sexuais e perceber como a sociedade ainda há tão pouco tempo penalizou génios como este homem, praticamente levando-o ao suicídio e só há tão pouco tempo se redimiu de tal monstruosidade!

Há que desaprender que ética e moral são uma mesma coisa, porque não são! Nesta obra prima cinematográfica, percebemos lindamente através dos diálogos como a moral é algo que se entranha e custa a ser reciclada para dar lugar á ética que obriga a interpretar essa mesma moral, a reavaliá-la e a fazer um caminho hermenêutico-ético que estas personagens simbolicamente personificam.

Há que desaprender de uma vez por todas que um homem ou uma mulher, sozinhos, não mudam o curso da História, ou não podem mudar o mundo, pois este filme é um extraordinário exemplo disso mesmo! Aliás, sempre foram homens e mulheres singulares que mudaram o mundo e o curso da história da humanidade e sublinhar isso nunca é demais, para fazer com que o espectador desperte a sua consciência e comece já hoje, aqui e agora, com um primeiro passo nesse sentido… sem medos, sem tabus, sem preconceitos!