Em 2016, o gigante da fast fashion Zara lançou uma coleção gender-neutral que agitou as águas e levantou sérias questões sobre o conceito de ungendered. As imagens protagonizadas por um modelo feminino e outro masculino com roupa em tons neutros e sem forma irritaram aqueles que, solenemente, lutam pelo conceito de não-binariedade de género na moda e, mais do que isso, na vida.

A moda não é, nunca foi, e nunca será alienada dos contextos sociais, económicos, políticos e históricos em que é criada. Cada vez mais as marcas e os designers se comprometem com missões de responsabilidade social e ética, sustentabilidade, preocupações políticas e económicas. Os consumidores destas marcas conscientes, consequentemente, sentem-se melhor por optar por uma peça de roupa que traz consigo a preocupação de transformar o mundo num local melhor.

Não há muito tempo atrás, apenas as marcas de nicho ou de um segmento high end mostravam interesse pela defesa de movimentos pelos quais queriam dar a cara. Contudo, de uma forma crescente, as marcas pilar da fast fashion dedicam-se a causas pelas quais nutrem especial preocupação e os consumidores têm também um leque de escolha cada vez mais variado quanto à escolha entre uma marca consciente e outra que prefere colocar-se em território neutro. Cabe a cada um decidir aquilo que pode ou prefere vestir. A questão que parece importante é esta: a moda é uma expressão dos tempos em que vivemos.

Dizer que as marcas não têm nenhuma mensagem a transmitir é não compreender o mercado atual. É o caso da coleção «HAPPY» da Zippy. A mensagem por detrás desta coleção-cápsula é muito clara: Be whoever you want to be. Os que odiaram é porque se vêem do lado oposto desta barreira ideológica. Outros que, para contrariar os comentários negativos sobre a coleção, disseram que a mesma é prática e transversal a vários membros da família, irmãos e irmãs por exemplo, e pode ser herdada entre gerações. Outros adoraram a ideia de ser colorida, divertida e fresca. Não. Este não é o motivo pelo qual a Zippy criou e lançou uma coleção que categorizou como ungendered e à qual atribuiu o slogan: “Be whoever you want to be”.

Esta coleção é sobre igualdade, sobre união e aproximação. É sobre eliminar barreiras que são prejudiciais ao crescimento e aos horizontes das crianças. É sobre versatilidade, escolha e originalidade. A Zippy fez uma afirmação ao lançar a coleção e, desenganem-se, os que acham que não está ligada a qualquer ideologia social e cultural. Esta é uma marca que fez uma afirmação e os consumidores ou concordam ou discordam com esta posição.

Mas, tanto para uma posição como para outra, espera-se que os consumidores compreendam o tema da conversa gerada pela marca. E se for para concordar ou para discordar entenda-se, por favor, que a conversa é, fundamentalmente, sobre liberdade.