Mesmo sendo referência no vôlei feminino no âmbito mundial, a cada competição, estamos alcançando posições inferiores ao nosso posicionamento no mundo do vôlei feminino.

O vôlei feminino brasileiro viveu seus dias de glória nas Olimpíadas de Barcelona em 1992, quando conquistou o primeiro ouro olímpico.

No entanto, é com pesar que observamos, ao longo dos últimos anos, uma notável decadência no desempenho da seleção feminina de vôlei, uma equipe que já foi sinônimo de glória e conquistas.

Essa situação foi claramente percebida na recente FIVB Volleyball Women's Nations League (Liga das Nações de Voleibol Feminino), realizada entre os dias 30 de maio a 16 de julho. Surpreendentemente, o Brasil não conquistou nenhuma vitória nessa competição.

Em edições anteriores, a seleção brasileira obteve posições mais expressivas.

Em 2018, chegaram às semifinais, conquistando o 4° lugar após perder de 3x0 para a China. No ano seguinte, foram vice-campeãs em um emocionante jogo decidido por 3x2 contra os Estados Unidos. Em 2021, novamente alcançaram a segunda posição, disputando a final contra os Estados Unidos, mas o placar foi de 3x1, resultando em outra derrota.

Em 2022, a Seleção Feminina foi vice-campeã, perdendo para a Itália por 3x0. Porém, em 2023, um resultado desfavorável de 4° lugar marcou o pior desempenho da história da VNL.

Atrás das cortinas de glórias passadas, emergem questões preocupantes sobre a decadência do vôlei feminino Brasileiro. Como atleta de voleibol há 11 anos, fico bastante decepcionada ao ver que um dos esportes mais populares do Brasil está perdendo forças no cenário internacional.

Observo, de forma preocupante, um declínio no desempenho da seleção ao longo do tempo. Essa situação é alarmante e exige uma análise crítica para identificar as causas e buscar soluções.

Uma das questões que merece atenção é a demora na renovação da equipe. Enquanto outras nações como China, Estados Unidos, Itália e até a Turquia (ganhadora da Liga das Nações 2023) investem pesadamente em suas categorias de base, o Brasil parece não dar a devida atenção ao desenvolvimento de novos talentos.

Mesmo que novas jogadoras tenham sido convocadas, parece que não tiveram tempo suficiente para desenvolver o entrosamento necessário em um time esportivo. Erros bobos nos jogos, como muitos saques na rede e colisões entre as jogadoras no meio da quadra, indicam que esse fenômeno está ocorrendo.

Outro ponto relevante é a escolha do técnico. Zé Roberto Guimarães é um excelente profissional, com muitas vitórias ao longo de sua carreira, porém é perceptível a sua inflexibilidade em relação a mudanças durante os jogos.

Esse fato fica evidente no jogo contra a China na Liga das Nações 2023, quando uma das atletas não estava rendendo bem e, ao invés de trocá-la, ele a mantém por mais tempo do que necessário. Além disso, o técnico parece estar muito preso a uma base de jogadoras que já não possuem a mesma energia e vitalidade dos anos de destaques brilhantes. Acredito que devemos dar mais espaço para as jogadoras mais jovens que estão apresentando bons resultados.

Todos esses apontamentos estão na raiz do problema que tem contribuído para o declínio do desempenho da seleção feminina de vôlei: a falta de incentivo e investimento adequado no esporte também pode ter. Como jogadora de vôlei há 11 anos, sei muito bem como é pagar para participar de competições, já que não temos uma instituição que possa arcar com os custos da comissão técnica.

Muitas mulheres também têm dificuldade em encontrar locais para jogar vôlei sem que isso ultrapasse seu orçamento e horário disponível. Fico impressionada em ver como outras modalidades esportivas recebem patrocínios generosos e apoio governamental substancial, enquanto o vôlei feminino muitas vezes luta para encontrar recursos adequados.

Sem uma estrutura de apoio financeiro sólida, as jogadoras enfrentam muitas dificuldades para se dedicarem totalmente ao vôlei, tendo que conciliar carreiras paralelas para garantir sua subsistência.

Em face da decadência do desempenho da seleção feminina de vôlei brasileiro, é inegável que existem desafios significativos a serem superados. Mesmo com todas essas questões que apontei, mantenho minha esperança no futuro do vôlei feminino no Brasil.

Acredito que é possível resgatar a grandeza do vôlei feminino no Brasil, desde que sejam tomadas medidas assertivas e comprometidas em prol do desenvolvimento do esporte, aumentando ainda mais a paixão do povo brasileiro pelo esporte.

Com dedicação, determinação e investimentos adequados, é possível restaurar a grandeza da seleção feminina de vôlei e colocá-la novamente no topo do cenário mundial, representando o orgulho e a excelência de nosso país!