Com o passar das décadas inúmeros jogadores negros desfilaram seu talento nos grandes gramados por esse mundo a fora, ajudando a revolucionar o futebol. Não à toa, o eterno rei desse esporte se chama Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Mas, infelizmente, nem tudo são flores, e o racismo entra em campo para destruir a beleza do futebol.

Entra ano e sai ano e parece cada vez pior, com o avanço das redes sociais, ela se tornou mais um canal de transmissão da destilação de ódio. Dentro dos estádios cantos racistas ressoam em diversos jogos em diferentes lugares do planeta. Alguns transmitidos, outros não, no futebol profissional, no amador, infelizmente é algo presente no dia a dia dos atletas.

Entre os casos mais recentes divulgados, foi o do jogador brasileiro, Vinicius Júnior, a estrela do Real Madrid vem sofrendo diversos ataques na Espanha, dentro e fora de campo, muitos com tons de ameaça. Um dos estopins foi no jogo contra o Valência em que a torcida do time de Mestalla recitou sons e cantos racistas contra o Vini e sendo irônico e trágico ao mesmo tempo, ele acabou sendo expulso por reagir em campo as ofensas, enquanto os agressores saiam impunes por suas ações degradáveis. Enquanto o próprio clube, o qual os racistas são adeptos não admitiram o erro, pior partiu da La Liga, onde a Federação que organiza a competição não tomou nenhuma atitude punitiva contra os infratores, sem demonstrar nenhum tipo de apoio a um dos maiores nomes atuais da liga.

Mas como dito, isso não se restringe apenas a Espanha, diversos países em diferentes continentes demonstram esse tipo de atitude deplorável. Citando alguns casos, na Eurocopa de 2020, os atletas Jadon Sancho, Bukayo Saka e Marcus Rashford, sofreram diversos insultos na internet por perderem o pênalti que faz com que a Inglaterra perdesse o título para a Itália, e para eles a dor da perda veio agravado com a dor do ódio direcionado contra eles, jovens jogadores que só busca vencer, em campo e na vida. No Brasil não é diferente, um caso um pouco mais antigo foi do goleiro Aranha que sofreu ataques de uma torcedora do Grêmio, em uma partida no Rio Grande do Sul. Ainda no Brasil, dessa vez recente, mais precisamente em 2023, o atacante Paulinho do Atlético Mineiro, um dos melhores jogadores do campeonato sofreu intolerância religiosa por representar o candomblé, uma religião de matriz africana, no qual ele expõe com muito orgulho ser filho de Oxóssi.

Esses casos não representam nem de longe 1% dos casos de preconceitos que contaminam o mundo. Atos que vão além das palavras, mas também com gestos e objetos. Referenciando os casos e demonstrando que esses casos “isolados” são mais reincidentes do que a mídia transparece ser.

Há um processo de apagamento contra o povo negro, onde tentam diminuir e marginalizar sua cultura, religiosidade e anos de histórias de resistência. Fica cada vez mais evidente o quão difícil é para pessoas de níveis tão baixo de humanidade, aceitar o protagonismo negro.

É preocupante como muitas instituições, federações, clubes entre outros são tão omissas nesses casos, e algumas que só buscam demonstrar algum tipo de preocupação quando afetam seus patrimônios. No final, muito se trata de dinheiro e se quer zelar pela integridade dos verdadeiros autores dos espetáculos. A impunidade abre cada vez mais espaços para que o racismo entre em campo e seja aplaudido, onde o lugar é de vaia e cartão vermelho.

Reforçando o fato que esses casos não se restringem as arquibancadas, mas também está presente dentro do campo, na internet e na televisão, onde profissionais de anos de carreira expõe suas opiniões de cunho racistas e depois vai a público, dizer que não foi a intenção e que quem o conhece sabe. Pessoas que têm o poder da comunicação e deveriam usá-lo para poder para combater, acabam reforçando esse discurso de ódio.

Tudo isso é muito cansativo, enquanto o atacado é posto como errado e o opressor segue ileso, tratado como coitado.

É necessário ações drásticas para alguns, mas no fundo são básicas. A punição deve vir além do âmbito do futebol, é prisão nos racistas, dentro do esporte é punições, banimentos, multas, penas e tudo que cabe para que possa fortalecer o combate. O dinheiro não pode continuar falando mais alto.

Lembramos que não ser racista é o mínimo, combater o racismo é necessário.