Lenine já havia alertado que o tempo não para. De fato, a tecnologia não apenas não para, mas avança rapidamente: a inteligência artificial, aliada à globalização dos meios de comunicação, trouxe mudanças profundas nas conexões, inclusive no âmbito escolar. Hoje, os educadores precisam se adaptar a uma nova realidade em que os alunos têm todas as informações na palma das mãos.

Como tudo que é desconhecido, mexer em uma situação que está funcionando pode causar apreensão. Afinal, a educação já passou por muitas mudanças. Há a escola nova, as cartilhas, e até mesmo alunos que ensinam — metodologias que exploram outras formas de aprendizado, com foco no aluno. Antes, o professor transmitia o conhecimento, agora ele medeia.

Resistir às mudanças pode ser uma energia desperdiçada, pois os alunos estão imersos nas ferramentas disponíveis, como o ChatGPT pode atestar. As preocupações dos professores mudaram de de quem você copiou a lição? para você fez isso com o GPT, né?. São problemas contemporâneos e desafios diferentes.

O foco é que cada aluno possui uma forma de aprendizado e recursos disponíveis de acordo com sua realidade socioeconômica — sim, também há muita disparidade nesse sentido — o que provoca reflexões dentro da sala de aula.

Por isso, o e-learning e aprendizagem móvel são assuntos pertinentes no momento.

Neste texto, exploraremos alternativas para lidar com a tecnologia da melhor forma possível.

Novas metodologias de ensino

Existem metodologias que foram testadas ao longo dos anos e que se mostraram mais eficazes diante das transformações. Sabemos, por exemplo, que o método em que o professor copia tudo na lousa para que os alunos repliquem em seus cadernos é pouco eficiente, já que 1) os alunos estão mais dispersos; 2) a cópia não garante a construção do conhecimento por osmose; 3) esse tipo de abordagem não aprofunda a maneira individual de aprendizagem do aluno.

Portanto, surgiram outras alternativas, como o microlearning.

Microlearning

Essa metodologia leva em consideração a liberdade do aluno para escolher o tempo e a duração das aulas por meio de vídeos mais curtos. É perceptível como a nova geração está acostumada com o consumo de vídeos cada vez mais curtos — a leitura não é a sua maior habilidade, principalmente entre os mais jovens. Assim, o conteúdo precisa ser adaptado.

Por meio de cursos distribuídos em vídeos curtos, o aluno pode consumir o conteúdo no seu próprio tempo, seja no caminho para o trabalho, enquanto lava a louça, etc. É importante lembrar que também é uma realidade: as pessoas tentam fazer várias coisas ao mesmo tempo.

Claro, essa metodologia não se encaixa em um contexto escolar tradicional. Por isso, também surge a metodologia do ensino híbrido.

Ensino híbrido

Instituições de ensino já estão aplicando esse método. Por que estar na sala de aula se é possível aprender no conforto de casa?

Existem alguns benefícios com essa metodologia:

  • Permite que os alunos tenham mais autonomia na execução das tarefas;
  • Oferece maior liberdade geográfica — não é necessário gastar com transporte para ir até a instituição;
  • Utiliza ferramentas tecnológicas para explorar a aprendizagem.

Não é minha intenção idealizar tanto esse método: é necessário que tanto a instituição quanto os alunos possuam os recursos necessários e o treinamento adequado para que a metodologia seja aplicada com maior eficácia.

Sala de aula invertida

Particularmente, aprecio esse método, pois ao ensinar, há um maior aproveitamento — vide a pirâmide de William Glasser.

Nesse método, o aluno é quem conduz a aula. Ele elabora o plano e o apresenta para os demais alunos, assim como o professor.

Existem benefícios nessa abordagem:

  • O aluno é desafiado a compreender profundamente o conteúdo para apresentar (adeus, decoreba);
  • Ele precisa imaginar como utilizar seus recursos a seu favor para ministrar a aula (irá usar slides? Fará exercícios na lousa?);
  • Estimula a autonomia do aluno em seu processo de aprendizagem.

Gamificação

Quem não se anima com a ideia de jogos? Essa abordagem tem sido interessante até mesmo no mundo corporativo, pois estimula a criatividade e a interação interpessoal.

Existem muitas formas de explorar essa metodologia: seja utilizando recursos fora da sala de aula, ou até mesmo envolvendo os próprios alunos na criação de dinâmicas. Não é preciso muito: um roteiro, perguntas, discussões e até mesmo recompensas.

O professor pode utilizar inclusive o celular, trazendo quizzes para dentro da sala de aula ou além dela, para sair da rotina.

Os benefícios dessa metodologia são:

  • Estimula habilidades de liderança, trabalho em equipe e outras competências interpessoais;
  • Introduz abordagens inovadoras dentro da escola, captando a atenção dos alunos;
  • Cria um ambiente mais dinâmico e positivo.

Conclusão sobre tecnologia e educação

A tecnologia avança, e precisamos avançar junto com ela. O indivíduo precisa ser estimulado em todas as suas potencialidades para se tornar mais autônomo, já que os recursos estão mais acessíveis.

No entanto, o conhecimento continua sendo algo a ser construído a partir de uma consciência crítica. Levando isso em consideração, utilizar o que temos à disposição é o mais adequado para facilitar o dia a dia.