Voos saindo do Brasil com parada no país africano têm sido uma opção para quem quer pagar mais barato nas passagens.

Depois que a 123 milhas anunciou que não iria mais emitir as passagens de setembro até dezembro - isso há 20 dias de eu embarcar -, me vi em uma situação desesperadora, porque não queria deixar de realizar minha viagem, algo que planejei com meus amigos desde janeiro. Eis que em um domingo, como uma luz no fim do túnel, apareceu uma oportunidade única. Em meio as passagens com valores exuberantes, que não tinha a menor condição de eu pagar, achei uma com preço acessível, mas com altas horas de conexão: o voo da Taag, que parava em Angola antes de ir para Madrid.

Nunca tinha ouvido falar dessa companhia aérea, e assim como tudo que é novo bateu aquele certo receio. Então, comecei a fazer pesquisas sobre a empresa, como funcionava, como era a escala em Angola, se tinha necessidade de visto ou não… enfim, informações para que eu pudesse tomar uma decisão final. Visto isso, compartilhei com minha amiga, que assim como eu, estava na mesma situação. Depois de algumas análises por parte dela, ela aceitou, e a gente comprou a passagem e demos continuidade ao planejamento da nossa viagem.

Quando tudo estava certo e finalmente tive a certeza que ia acontecer, contei para meus amigos próximos o que tinha acontecido e qual tinha sido minha solução para esse problema em cima da hora. Todos, sem exceção, fizeram a mesma pergunta: ‘Mas o que você vai fazer em Angola?’, porque não fazia sentido eu ter que ir para outro continente para chegar na Europa. E eu respondia, pegar uma conexão, e, de sobra, aproveitar para conhecer, não só outro país como outro continente. No final das contas, a viagem que era apenas para um continente e três países, acabou tendo paradas a mais, o que, para mim, foi extremamente gratificante, porque tive a chance de conhecer uma realidade totalmente diferente, da que levo no Brasil, e da que conheci na Europa.

Como é viajar pela Taag?

Assim como qualquer outra coisa que faço na vida, antes de viajar pela Taag, pesquisei bastante sobre como era. Vi vários vídeos e reviews, alguns falando bem, outros mal. No geral, quanto à alimentação, os comentários eram bastante positivos, já as críticas se relacionam à qualidade do avião. Eram reclamações falando que as poltronas eram velhas e que o streaming não funcionava. Alguns chegaram até a dizer que as aeromoças e os comissários não eram simpáticos.

Na minha experiência, não tive nenhum problema. A refeição servida, um jantar e um café da manhã, eram muito bons. Quanto aos assentos, realmente, alguns eram mais antigos, mas nada que já não tenha pegado em outras companhias aéreas. O único problema que enfrentei, realmente foi com os streamings. No meu primeiro voo, no trecho São Paulo-Luanda, estava funcionando perfeitamente, mas, o da minha amiga, não estava. Contudo, nos demais voos - foram mais três viagens feitas com eles - a televisão não funcionou.

Ou seja, durante as oito horas de voo, era preciso ter baixado algum filme e série no celular para se distrair, levar um livro ou dormir, caso contrário, não tinha muito o que fazer. Em relação ao atendimento, não tenho o que reclamar, fui bem atendida por todos os funcionários com os quais tive contato.

Em uma das resenhas que vi sobre a conexão em Angola, vi um relato de que antes de entrar no segundo avião, era preciso passar por uma fiscalização dentro de uma van. Esse foi um motivo que apavorou nos deixou apavorada, pois, haviam dito que era preciso entrar sozinha e que teria três policiais dentro fazendo algumas perguntas, como: para onde estávamos indo, quanto estávamos levando, o que pretendíamos fazer no país de destino. Porém, durante nossa viagem, não passamos por nenhuma dessa situação.

Em geral, para quem, assim como eu, foi pego de surpresa e precisou se reprogramar para viajar, ou para quem quer pagar mais barato - a Taag oferecer preço de passagens mais acessíveis - porém é preciso aguentar boas horas de viagem.

Precisa de visto?

O assunto visto é um tema delicado, que acho que falta um pouco de informação e comunicação entre os setores. Quando decidimos que iríamos realizar nossa viagem pela Taag, vimos que haveria a necessidade de tirar o visto, porque o passaporte brasileiro não tem permissão para entrar na Angola sem o documento. Contudo, também vi algumas pessoas dizendo que como era apenas conexão, não tinha essa necessidade. Para sanar essa dúvida, entrei em contato com o Consulado de Angola em São Paulo e fui informada que para conexão superior a 12 horas, tinha necessidade de emissão de visto.

Com essa resposta, demos início ao nosso processo de solicitação. Graças a Deus deu tudo certo e nós duas conseguimos o visto há tempo - vale lembrar que tivemos que realizar todo o procedimento em menos de 20 dias. Contudo, quando chegamos em Angola, vimos que nem todos que estavam em nosso voo tinham visto e também que não havia necessidade de emissão caso fosse apenas conexão e a gente não tivesse interesse de sair do aeroporto. Prova disso é que quando chegamos, eles não pedem o visto, apenas olham o passaporte e a passagem de destino e encaminham para sala onde devemos permanecer até o horário do nosso próximo voo.

Como é a Angola?

Como minha amiga e eu tínhamos conseguido o visto, optamos por não esperar todo o tempo no aeroporto e escolhemos sair, para conhecer Luanda e a Angola. Como não tínhamos planejado nada e desistido o city tour, porque não ia dar tempo e também estava um pouco caro, estávamos perdidas, porque não sabíamos para onde ir.

Como sabíamos que lá era praia, optamos por ir para a orla e caminhar por lá, afinal, perto do mar sempre tem alguma coisa para fazer. Para chegarmos até o nosso local de destino, demos preferência para pegar um táxi no aeroporto, achando que seria mais confiável, porém, nos enganamos, porque, levamos um golpe no motorista. Não sabemos ao certo o quanto gastamos para nadar por 15 minutos de carro, porque a moeda angola é um pouco confusa quando você não tem conhecimento, porém, estimamos que tenha sido uma quantia em torno de R$ 200.

Passado esse ocorrido, tudo fluiu tranquilamente. Mas, posso dizer que Angola tem muitas crianças pedindo na rua e do aeroporto até a praia, você passa por uma área pobre da cidade. Por ser domingo, não tinha muita coisa para fazer, então, só aproveitamos a orla da praia. Passamos boa parte do dia assim, e tudo ia bem, contudo, passamos por uma situação desagradável enquanto estávamos por lá. Um dos meninos que pedia por comida ou dinheiro, não aceitou o nosso não, quando informamos que não tínhamos dinheiro para dar, e começou a nos perseguir. Ele andou por mais ou menos 40 minutos com a gente, até que em determinada parte do percurso, ele pegou uma pedra e ameaçou jogar na gente se não déssemos o que ele pedia.

Durante esse tempo que ele nos seguiu, em um determinado momento ele pediu por comida. Lembrei que tinha na sacola uma maçã que não tinha comido do café do avião e entreguei a ele, que não ficou muito contente, mas, aceitou e foi embora. Após esse ocorrido, optamos por voltar para o aeroporto e ficar por lá até que desse a hora do nosso voo.

Antes de chegar em Angola, tinha visto alguns relatos de que o aeroporto 4 de fevereiro não tinha água no banheiro, além de só ter um, que as tomadas erram concorridas e que não tinha muitos locais para comer. Algo a se saber é que o local está passando por reforma, e, desta vez que estive lá, os banheiros estavam funcionando normalmente - inclusive estavam construindo um lugar para que os passageiros possam tomar banho - e havia opções de lugares para se alimentar que, por sua vez, aceita moeda local e cartão visa. Também há uma Duty Free, em que você tem a opção de pagar em euro.

Quando as tomas, não foi preciso ‘brigar’ por tomada, foi tranquilo encontrar lugares para poder carregar o celular durante o tempo de espera. Em geral, o aeroporto de Luanda funciona bem. É limpo, ar-condicionado funciona e pode-se dizer que é um bom espaço para realizar uma conexão, comportando os itens básicos necessários.