Temos hoje a compreensão artificial, não nos faltam algoritmos e códigos para nada! Evoluímos com tal celeridade nos últimos anos que chegamos aos robores e seus descendentes. Sentimo-nos protegidos por uma espécie de casta superior que nos leva ao olimpo. Tudo se resolve de forma digital, sem burocracias e sem a necessidade de vermos as outras pessoas. Raramente precisamos ligar as câmeras. De certo, nossos “oponentes” foram para um lugar de invisibilidade. Ou somos nós quem estamos nos tornando invisíveis?

Assusta ver que existe uma ausência de intercessão entre os humanos que estão chegando nas organizações e os que dela estão saindo, como se não houvesse tido tempo na passagem do bastão. O bastão caiu e se perdeu e isso certamente não foi combinado antecipadamente! Há uma pergunta que urge; onde estão os humanos do meio? Aquela gente que faria a ligação entre essas duas extremidades. Sinto dizer que foram abduzidos, sem o mínimo tempo para o repasse, o entrelaçamento das informações experienciadas, contadas e testadas! O distanciamento foi tão radical que hoje é impossível ver um misto e colorido de saberes advindo de gerações diferentes. Cria-se aí um buraco, a não completude, e por assim dizer a estranheza das extremidades.

A intercessão é o fio que liga, que transporta que possibilita o ir e vir. Cisões são feias, segmentarias, afastam o contexto contributivo e inteligente das discussões acaloradas.

A intercessão cria redes, as redes servem de base para construção de novos aprendizados, e tudo isso sem falar do aspecto principal, a comunicação verdadeira, profunda eloquente que nos dá a dimensão da temperatura do diálogo, transbordante em criatividade e soluções.

Há muito se discute sobre a diferença de gerações nas organizações, e o final dos anos 90 e 2000 essa narrativa foi acentuada, de forma acirrada. Os Yuppies trouxeram uma mentalidade que o novo venceria o velho e traria um olhar mais atual, moderno e de resultados mais inteligentes, para as organizações. Já hábeis na informática, também já traziam suas calças apertadas, seus carros utilitários e um poder investido no ter e não no ser. Rasguem as antigas anotações . Rasguem a história vivida, e por fim rasguem o pó da estrada.

Sem apego ao velho, precisamos entender que nada se perde, e que a combinação de todos os tipos de inteligência e saberes trazem uma capacidade absurda de conhecimento para a empresa, que se transforma tornando-se mais potente na resolução de problemas e enfrentamento dos desafios organizacionais.

A junção de saberes é algo tão fantástico e enriquecedor que sua ausência torna o ambiente organizacional mais fraco, menos competitivo e mais padronizado, enfim morto! Para que as ideias surjam e processos sejam repensados, o jogo dramático entre seus jogadores deve existir vivo. Faz parte da trama encenar enredos com diálogos eloquentes e produtivos.

A união de forças criativas deve explodir em inflamadas discussões e pontos de vistas advindas de várias experiências.

...assim até a coisa comum serve o silêncio. E nosso encontro permanece a meta sem cadeias.

Uma boa vivência se torna história, e uma vez contada se legitima. Que a força e vontade dos jovens pelo crescimento urgente, materialize-se em inteligência compartilhada num ambiente rico pelas diferenças de seus pares maduros, e que a nobreza desses valores sejam propulsores de ideias e ações verdadeiramente inovadoras. A estrada profissional pode ser longa, mas que esse caminho nunca esteja desacompanhado, o que fortalece o avanço da caminhada e a riqueza do caminho.

Nos vemos ja, já!