Sempre gostei de praticar esportes, mas, no final de 2022, senti que não estava me movimentando o suficiente e fazendo menos do que gosto de fazer. Foi então que decidi contratar um plano que me concedia acesso a centros de treinos e dar mais uma vez chance para academia. Diferente do que muitas pessoas da minha idade dão preferência, não optei por musculação, porque esse é um método que realmente não gosto. Com esse plano de atividades físicas ativo, me vi diante de um mar de possibilidades, e entre eles estava algo que sempre ouvi falar e tinha interesse, mas que nunca dei oportunidade: o pilates.

Lembro que quando resolvi tornar essa atividade presente na minha vida, compartilhei com alguns amigos próximos. Alguns deles já faziam e me incentivaram, dizendo que já tinham sentido alguns dos benefícios que o pilates proporciona. Outros zombaram da minha escolha, dizendo que era coisa de velho e que tinha escolher musculação, alegando que o fato de eu não ter gostado dessa prática, era porque não tinha realizado direito. Detalhe, desde jovem era constantemente colocada frente a frente com a musculação porque, como jogava em clube, era necessário fortalecer o corpo. Naquela época, como não tinha escolha, acabava fazendo, mesmo sem gostar.

Quando deixei o clube que jogava, ainda assim tentei dar continuidade, até cheguei a ter um profissional que me auxiliava em todos os treinos, mas, mesmo assim, não consegui me adaptar. Ou seja, simplesmente, musculação não é para mim, e por mais que seja difícil para alguns entender, está tudo bem. Por outro lado, me encontrei no pilates. Aqueles 50 minutos de aula podem não me fazer suar como nos meus dias de cárdio, mas eles me obrigam a fortalecer todo meu corpo. Para quem vê de fora, pode parecer exercícios simples que não cansam, não doí e não ajuda em nada, contudo, as coisas não são bem assim. Por mais que as séries não sejam tão grandes quanto a de uma musculação, os exercícios te obrigam a trabalhar e pegam direto no ponto.

Nos meus primeiros dias de pilates, estava indo em dois lugares diferentes, um que realmente a maior parte das pessoas eram da melhor idade, e outro em que havia pessoas mais da minha faixa etária. Foi uma realidade e experiência diferente nos dois, do qual gostei, mas, me adaptei melhor ao segundo, que é onde continuo frequentando. Com os meses passando, não tinha muita noção do quando o pilates estava me ajudando. Durante as aulas, percebia que estava mais alongada e as atividades estavam ficando mais simples. No dia a dia, a mudança veio exatamente na minha postura. Como trabalho sentada, fico muito tempo na mesma posição e, querendo ou não, a gente acaba ficando meio desleixado. Hoje, minha professora até brinca comigo em algumas aulas falando: ‘Nossa, que postura bonita, até parece que faz pilates’.

O momento em que descobri que essa atividade estava sendo essencial para mim e fazendo efeito, foi durante uma viagem. Apesar de não morar na praia, uma das minhas paixões é fazer stand up paddle. Não se engane pensando que já fiz várias vezes, pelo contrário, era apenas a terceira vez que estava me submetendo a essa atividade, mas senti totalmente a diferença. Foi a primeira vez que fiquei uma hora fazendo e o melhor, sozinha, sem dividir com algum amigo ou tendo um instrutor do lado. Me surpreendi quando me dei conta que consegui ficar a maior parte do tempo em pé, e o melhor de tudo, não tive nenhuma dificuldade para levantar na prancha e me manter naquela posição. Algumas vezes me desequilibrei, mas, não cai e consegui retomar a postura sem precisar agachar para me arrumar. Naquele momento, tive certeza que o pilates realmente muda tudo. Quando terminei de fazer e fui devolver o equipamento, o dono até relembrou uma informação que havia dado no começo. Antes de iniciar, tinha dito a ele sabia o que tinha que fazer, porém, aquela era só minha terceira vez. Ao lembrar disso, ele disse: Tem certeza que é só sua terceira vez? Porque você fui muito bem, melhor que a gente que faz todo dia.

Essa fala me pegou de jeito e saí contando para todas as pessoas que conhecia. Quando voltei para minha cidade, a primeira coisa que fiz foi contar para minha professora o quanto estava grata por ter colocado o pilates na minha vida e por ela ter me ajudado. Depois disso, comecei a reparar em outros benefícios que a atividade me trouxe. Desde que rompi meu ligamento no joelho, me submeto a fazer fisioterapia, minha última tentativa foi a que mais deu certo e realmente me ajudou. Agora com o pilates, só foi um ganho a mais, porque consigo fazer atividades que antes não eram possível, como, por exemplo, fazer aquele tradicional exercício de cárdio que você fica subindo escada. Faço com uma facilidade e, claro que sinto um pouco de dor após passar um grande tempo ali, mas é algo pontual, depois passa. Antes não era assim, ficava dia e mais dias com dor. Essa mudança me fez ver que o pilates me ajudou a fortalecer o músculo que precisava para me ajudar com meu joelho.

Concentração, respiração e equilíbrio

Recentemente, recebi um e-mail em que a fisioterapeuta Josi Araújo, da Pure Pilates, falava dos benefícios dessa atividade e o tempo necessário para que a capacidade de lidar com gatilhos mentais se tornasse mais fácil e natural, podendo ser aplicada em outras áreas e momentos da vida. Segundo ela:

a concentração é um dos princípios do pilates, ou seja, a mente precisa controlar o corpo. Isso porque os exercícios nos exigem maior foco sobre os movimentos que estão sendo executados. O método contribui para afastar os gatilhos mentais que geram ansiedade, como preocupações e estresse causado pelo trabalho. No Pilates trabalhamos muito com a respiração, postura, musculatura e equilíbrio, que quando combinadas com os objetivos específicos do tratamento de diversas doenças mentais, torna o método importantíssimo na prevenção e alívio dessas doenças.

Ao ler isso, tive certeza, que mais do que deixar meu corpo mais fortalecido, tinha melhorado outra parte que nem me dei conta até me deparar com essa informação: a concentração, algo necessário para realização que qualquer coisa em nosso dia a dia. Diferente do que ouvi quando comecei a fazer pilates, Josi Araújo deixa claro que não existe limite de idade para fazer essa atividade, qualquer pessoa pode se submeter a ela, porque o método trás benefícios para todos, melhorando a concentração, o equilíbrio emocional e a qualidade de vida. Jose explica que:

Sua abordagem global permite um trabalho sinérgico entre músculos e mente. Conforme os exercícios vão mudando e a prática vai evoluindo, o aluno precisa lidar novamente com sua capacidade de concentração em torno do novo movimento, até que executá-lo se torne mais fácil e natural.