Em uma era cujo marketing digital é o pontapé inicial para o sucesso de qualquer tipo de trabalho, me pego questionando esse mercado, e como a criatividade fora transformada em uma moeda de troca.

Como alguém que sonha em viver da própria arte, reconheço a necessidade de compreender esse tal de “mercado digital” para obter qualquer forma de reconhecimento.

É claro que nem todos os artistas precisaram se posicionar desta forma, mas, vamos ser realistas. Quando dizemos "sou artista" a resposta quase sempre é e qual o seu arroba?.

Não escrevo como se isso fosse um problema, a possibilidade de demonstrar a nossa criatividade e ter basicamente uma galeria digital disponível para o mundo ver é algo a ser apreciado.

Porém, essa ideia de que todo artista necessita de seu próprio arroba para ser reconhecido carrega uma pressão, um peso. Não é necessário só criar, também é necessário apresentar.

E apresentar do jeito certo.

Então, finalmente, nos encontramos navegando o tal do marketing digital, o tal do mercado digital.

E quando você se aprofunda demais nessa história de mercado tentando aprender, tentando descobrir qual o tal do “jeito certo”, você se encontra em cada canto assustador da internet.

Uma hora é um tal de “coach” de artista que te despreza e te diminui, uma hora é um tal de curso caríssimo que vende fórmulas "à prova de falhas" para alcançar o sucesso.

Se você, assim como eu, está na internet há um bom tempo, você já viu o boom de cursos de criadores de conteúdo, os famosos workshops.

Novamente, aprender e compartilhar o que se aprende não é, de forma alguma, ruim, mesmo que muitos desses cursos sejam mais caros do que o valor do seu aluguel. Mas, é ruim quando esses "ensinamentos" chegam até artistas como a única forma de se ter valor.

É ruim quando esses coaches e professores se introduzem como “a sua única esperança para o sucesso”. E mesmo que seja nas entrelinhas, esses charlatões da internet irão te dizer que a sua criatividade só é boa se você é bem-sucedido, e consequentemente, se você não for, você não é bom.

Eles então nos apresentam o mercado, uma palavra que, hoje em dia, possui um sentido tão desprovido de nexo que até me incomoda escrever esse artigo.

Afinal, o que é o mercado digital da criatividade?

Nem os charlatões conseguem te explicar.

Mas eu posso tentar. Posso te dizer que ele se resume a um aglomerado de pessoas que perceberam que outras pessoas precisam de um guia para esse novo mundo da globalização, pessoas que reconheceram a insegurança de muitas pessoas que sonham em ser artistas.

Existem bons professores que vendem suas aulas, desde sempre existiram. Existem pessoas que precisam aprender, e eu não me excluo desse grupo, e existem pessoas que se beneficiam ao aprender.

Existem aqueles que não tem nada a ensinar, mas compreendem a dor de não ser reconhecido e enfiam o dedo na ferida aberta dos artistas, dizendo que só eles podem vender o remédio para aquela dor.

E assim como eu me autointitulo artista, eles se autointitulam professores, se autointitulam, sem nenhum embasamento, “o caminho para o sucesso.”

Nós chegamos a um ponto da existência humana que conseguimos apresentar nossa criatividade para mais de metade da população mundial apenas com a internet e um celular em mãos em menos de segundos. Um ato tão simples e tão poderoso.

Mas que o mercado quer te ensinar fazer da forma que eles dizem ser a certa, e só vão te ensinar a forma depois que você der o dinheiro do seu aluguel para eles.

É absolutamente avassalador criar, postar e ser ignorado. É avassalador sentir que não somos bons o suficiente, que não conseguimos "viralizar" pois não somos capazes.

Então alguém se aproveita dessa for, e quando a fórmula secreta do sucesso que te venderam não funciona, eles falam que a culpa é sua, que você é o problema. Que a sua arte não é boa o suficiente. Que você não tem valor.

Você criou, expôs sua mente e tomou a coragem de se apresentar. Você é bom, mesmo que ainda tenha que praticar e melhorar.

Você está no caminho certo, independente do seu arroba.