Do sânscrito Dhyana, traduzido vulgarmente como meditação, entende-se a prática ancestral de domínio da mente e seus pensamentos com a finalidade de silenciar e interiorizar-se. Manter este estado promove a concentração e a calma, pois a mente se conecta ao que é essencial, a capacidade contemplativa de purificação (da mente).

Chegar até este estágio demanda intenção. Você quer chegar ao vazio? Ao seu vazio, onde tudo é paz e sabedoria? Onde tudo é verdade, ou pelo menos, a sua verdade?

Encarar o espelho nem sempre é fácil. Nem sempre é fácil aquietar. A meditação é o estado de presença mais sublime, é o estado de tudo que é, pois é o poder de viver e respirar o instante agora.

Em meditação escuta-se o silêncio. É ele quem fala conosco e nós nos ouvimos verdadeiramente. Ouvimos a voz do coração no silêncio da mente – a intuição.

Além da intenção é preciso respirar “como um sopro de amor que nos transporta até ao infinito” (Rumi). É simples. Respirar calma e profundamente. Aquietar a mente e sentir o corpo, que também se beneficia com a prática. Um belo exercício de autoamor, na minha singela opinião.

A meditação permite que as preocupações e os problemas efêmeros não te desestruturem, pois há a libertação e desapego dos pensamentos que induzem ao medo e às aflições e, ao mesmo tempo, traz firmeza e autoconfiança na mente presente. É possível ser o observador da própria mente e, desta forma, não há como não estar atento ao aqui e agora.

Meditar é alcançar a natureza fundamental da mente primordial, e ela não é transitória. Não é possível confundir-se com os pensamentos (surgem e cessam, surgem e cessam, estão constantemente se alterando) ou os sentimentos, pois a meditação convida a observar e contemplar. É como se os pensamentos fossem nuvens. Elas passam, o céu permanece.

Existem vários tipos de meditação, com suas técnicas e guianças, mas o objetivo é o mesmo para todas, entrar em contato com nosso interior e o mais sagrado que nele há - nossa própria luz - e podermos espalhar o nosso brilho a partir deste centro, o coração. Aí está a divindade. A verdade que nos guia e nos sustenta.

A sua visão se tornará clara quando conseguir olhar para dentro do próprio coração.

(Carl Jung)

Meditação e bem-estar

A prática da meditação, além da conexão maior com a nossa essência, proporciona bem-estar físico e emocional. São alguns deles:

  • Relaxamento profundo
  • Redução da ansiedade
  • Respiração consciente
  • Melhora circulação sanguínea
  • Acalma a frequência cardíaca
  • Diminuição da pressão arterial
  • Diminuição do estresse
  • Melhora a qualidade do sono.

A prática da meditação

Em uma sessão de meditação possivelmente não sentirá mudanças significativas. É importante implementar esta prática na vida não apenas para o autodesenvolvimento espiritual, mas também para promover saúde e bem-estar.

A maioria das técnicas de meditação apresentam quatro passos comuns:

  • Esteja em um lugar tranquilo com o mínimo de distrações, onde não será interrompido;
  • Esteja aberto/a e descontraído/a;
  • Mantenha-se numa posição específica;
  • Tenha foco e atenção para concentrar a mente.

A partir destes passos, indico uma prática de meditação simples para atentar-se ao momento presente, desapegar-se dos pensamentos, deixando que eles se afastem, e não fazer qualquer tipo de julgamento. Sente-se confortavelmente num lugar onde não será interrompido. Não precisa estar com as pernas cruzadas, mas as costas devem estar direitas.

De olhos fechados, volte a atenção para o seu corpo. Atente-se a todas as sensações.

Observe a respiração. Leve a atenção ao ar que entra e sai. Permaneça nesta atenção.

Se os pensamentos surgirem, permita que eles passem como nuvens. Não se julgue caso tenha perdido o foco e volte a atenção à sua respiração.

Continue nesta postura pelo tempo que quiser.

Variações na meditação

É possível praticar a meditação com guianças de outras pessoas. Um instrutor vai orientando os passos da meditação e o praticante vai sendo guiado até chegar em seu silêncio interno. O instrutor saberá controlar o tempo e a forma de conduzir.

Usar uma vela para concentrar o foco em sua chama permite que a mente se aquiete. Caso pensamentos tirem o foco, seja gentil e não se apegue a eles. Lembre-se das nuvens, permita que elas passem. Depois de um tempo, afaste seu foco da chama e leve a atenção para o local onde está.

Pode-se meditar contemplando uma mandala. Elas são a imagem simbólica do universo. Este simbolismo de união com o cosmo pode levar a níveis profundos de meditação, conduzindo o praticante a uma experiência de existência pura. Praticada regularmente torna a pessoa mais segura, resiliente, concentrada e mais tranquila em relação às impermanências da vida.

Meditar contemplando outros símbolos também promove o centramento e a atenção ao seu interior. Fortalece a autenticidade e torna o praticante menos reativo.

Repetir mantras ajuda a focar a mente. Acender um incenso no ambiente que vai meditar é um convite à interiorização. Segurar um cristal - uma ametista, por exemplo - auxilia na conexão também. Nestes casos, o praticante deve sentir afinidade com estes elementos, do contrário, não fará sentido usá-los para se interiorizar.

Para regenerar o corpo, é possível meditar para melhorar a força interior. A posição é deitada de costas e olhos fechados. É mais uma variação da meditação com atuação específica.

Estas são apenas algumas variações, existem muitas outras, incluindo as que envolvem algum tipo de religião (o hinduísmo e o budismo, por exemplo). De toda forma, para qualquer tipo de prática, não se deixe enganar pelas ideias de que meditação é apenas para as pessoas mais evoluídas espiritualmente, que é preciso ser uma pessoa calma naturalmente, que é um tipo de auto-hipnose ou que é impossível desvincular-se dos pensamentos. Não se apegue a estas resistências. A meditação é para todos.

Os problemas cotidianos, os desacordos, os imprevistos, o trânsito louco e as confusões/demandas da vida moderna continuarão a existir. Com a prática da meditação, o que vai mudar é a sua postura em relação a isso. Esteja centrado/a em seu próprio eixo. separar o que não está ao seu controle é a arte do poder pessoal.

Estar em harmonia com a integridade das coisas é não ter ansiedade com as nossas imperfeições.

(Dogen Zenji)